Um estudo desenvolvido por duas pesquisadoras da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB|Unesp) mostra que 8 a cada 10 gestantes e puérperas que morreram pela Covid-19 são brasileiras. “O estudo identificou 124 mortes maternas relacionadas ao coronavírus no país, até o fechamento da pesquisa, e 36 óbitos no mundo. Isto é, do total de 160 mortes maternas relacionadas à Covid-19 no mundo, 77% ocorreram no Brasil, com 3,4 vezes mais óbitos do que o resto do mundo somado”, relatam as pesquisadoras Maira L S Takemoto e Mariane O Menezes, vinculadas ao à pós-graduação de Tocoginecologia da FMB|Unesp. O estudo foi publicado na revista médica internacional “Gynecology & Obstetrics” no último dia 9 de julho.
Para elas, os números do trabalho refletem as barreiras que as gestantes e puérperas (mães com filhos de até 45 dias de vida) parecem estar enfrentando para ter acesso à terapia intensiva em casos graves de Covid-19 no país. Do total de 124 mortes desse grupo no Brasil, 22,6% não foram admitidas em UTI e apenas 64% receberam ventilação invasiva (respirador), sendo que 14,6% de todos os casos fatais não tiveram nenhum suporte ventilatório, enquanto os 21,4% restantes receberam apenas ventilação não invasiva. “Isto não é necessariamente algo novo no sistema de saúde brasile iro – a escassez de profissionais de saúde e a falta de recursos de terapia intensiva são desafios crônicos bem descritos nos serviços de maternidade brasileiros – mas a questão foi muito agravada pela pandemia da Covid-19”, explicam as pesquisadoras.
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A publicação foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), o Instituto Nacional da Saúde da Mulher, Criança e Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), o Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A análise teve como objetivo descrever os dados de gestantes e puérperas com COVID-19 desde o primeiro caso documentado no Brasil, de 26 de fevereiro de 2020 a 18 de junho de 2020, usando os dados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) do Sistema de informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) do Ministério da Saúde (MS).
Saiba mais sobre o estudo aqui.
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