Maioria dos pais acha que castigos, gritos e palmadas são necessários na educação da criança, diz estudo

Pesquisa foi realizada com 7038 cuidadores de crianças de 0 a 5 anos residentes no Ceará

1254
Imagem ilustra matéria sobre castigos de crianças, mostrando mãe brava com a filha.
Segundo a pesquisa, castigos, incluindo gritos e palmadas, são considerados necessários pelos pais para educar os pequenos
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Dar castigos para as crianças, gritar com elas e até mesmo dar palmadas nos pequenos são ações ainda consideradas comuns por muitos pais. É o que diz o estudo “Primeira Infância Para Adultos Saudáveis” (Pipas). Segundo a pesquisa, 73% dos pais acreditam que os castigos são necessários para a educação das crianças. Quase metade deles (49%) acha que é preciso dar palmadas nos pequenos e 25% acha que os gritos são necessários. 

A pesquisa foi realizada com 7038 cuidadores de crianças de até 5 anos de idade, em 16 municípios do estado do Ceará, incluindo a capital, Fortaleza. A realização é do Instituto de Saúde. Os dados foram coletados em outubro de 2019, portanto antes da pandemia do novo coronavírus, o que causa preocupação em relação ao agravamento dessas ações durante a quarentena. “A criança está o tempo todo com os pais, com as escolas fechadas. A gente tem que levar em consideração que é uma situação de estresse para famílias, para cuidadores. Muitos deles estão vivendo situação de isolamento, tendo que lidar com questões financeiras, com a crise que estamos vivendo”, afirmou Sonia Venâncio, diretora-assistente do Instituto de Saúde, à Agência Brasil. “Precisamos pensar que a criança pode estar exposta a um ambiente em que cuidadores estão estressados e que podem eventualmente lidar com essa situação, utilizando mais esse tipo de disciplina punitiva”, acrescentou ela. 

Leia também – Palmada funciona? 

A preocupação principal é com os efeitos que ações como dar castigos, gritar e bater podem ter no desenvolvimento das crianças. Para Sônia, pode haver impactos negativos na saúde mental, desencadeando até mesmo problemas comportamentais. “Por isso que neste momento temos a preocupação de conhecer essa realidade para poder lidar com isso, trabalhar com abordagem aos pais para que não utilizem esse tipo de prática”, explicou à reportagem da Agência Brasil. “Os pais têm formas diferentes de educar a criança e é claro que precisam ter práticas de disciplina, mas recomendamos que não sejam violentas. O ideal é conversar com a criança e explicar o que é esperado do comportamento dela e quais as consequências de comportamento não adequado. Sempre priorizando o diálogo e dando bons exemplos”, orienta Sônia. 

Outros dados da pesquisa Pipas mostram que 37% das crianças de 4 e 5 anos não tem livros infantis. Entre crianças de até 3 anos de idade, o número sobre para 65%. Em relação a atividades de estímulo (ler, cantar, brincar, contar histórias, levar para passear, nomear, contar e desenhar), duas em cada três crianças foram engajadas em quatro ou mais dessas atividades nos três dias que antecederam a entrevista para a pesquisa – ou seja, 37% delas não recebeu esses estímulos. 

Leia também – Educação infantil: orientações para a volta às aulas 

Eduardo Marino, diretor na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, que trabalha pelos pela primeira infância, acredito que esse cenário também possa ter se agravado durante a quarentena. “Ninguém estava preparado para isso”, afirmou à Agência Brasil. “[As pessoas] têm que trabalhar, cuidar das demandas de casa e mais das demandas educacionais. Não é pouca coisa. E é particularmente difícil para os mais pobres. A situação de confinamento é estressante quando colocamos a dimensão da desigualdade”, disse ele. 

Quer receber mais conteúdos como esse? Clique aqui para assinar a nossa newsletter. É grátis! 

Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui