Um choro em público ou em uma reunião familiar, normalmente após uma frustração ou um pedido negado pelos pais, pode rapidamente virar um caos. Para tentar resolver a birra, muitos responsáveis acabam fazendo uso de punições e castigos, rotulando o comportamento da criança como “um showzinho”, “uma artista que só vai parar quando não tiver plateia”. Para especialistas, porém, essas não são as melhores formas de lidar com momentos desafiadores.
“A birra, geralmente, tem uma causa subjacente, e é fundamental tentar entender sua origem. Ao manter o diálogo e criar um espaço seguro, fazendo com que a criança se sente acolhida, ela pode comunicar o que está sentindo”, afirma a educadora parental Priscilla Montes.
Ela lembra que os pais são modelos para os filhos e devem atentar à forma como eles lidam com sentimentos de frustração, raiva e tristeza. “Durante uma crise de birra, se eles passam tranquilidade, isso ajudará a criança a se acalmar”, afirma Priscilla. Para tanto, ela sugere orientar a criança a respirar fundo e contar até dez. Nomear as emoções e reconhecer o que ela está sentindo também é importante. “Diga, por exemplo: ‘Você está bravo porque não quer sair do carrinho. Tudo bem ficar bravo, mas gritar ou ser agressivo não ajuda. Vamos tentar agir de outra forma, eu vou te ajudar'”, comenta.
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E em vez de usar o “não”, vale redirecionar a conversa para identificar o que a criança deseja e propor uma resposta positiva, que seja boa para ela e viável para a família. “Essa mudança de abordagem pode transformar o “não” em uma oportunidade de aprendizado e colaboração”, ressalta.
Práticas como essas fazem parte da educação positiva, que busca fortalecer o relacionamento entre pais e filhos por meio do respeito, acolhimento e validação dos sentimentos. “Essa abordagem é ensinada pelo exemplo, pelo encorajamento e pelo suporte familiar. Precisamos estar abertos para escutar nossos filhos, com uma escuta ativa e presente”, declara a educadora parental.
Ela relata que adotar a educação positiva exige presença física e emocional dos responsáveis, além de um processo contínuo de autoaperfeiçoamento e busca pelo bem-estar psicológico para lidar com a complexa tarefa de cuidar de outro indivíduo.
“A educação positiva é a alternativa para romper o padrão da educação por meio da violência. Ao serem educadas com os pilares do cuidado e respeito, serão adultos mais respeitosos e preparados para o mundo”, conclui.