98% dos profissionais desenvolvem competências importantes para a carreira depois de terem filhos

Levantamento inédito mostra que pais e mães valorizam mais o trabalho, mas ainda enfrentam desafios, como falta de apoio e discriminação
Mãe trabalhando no computador
Foto: Freepik
Mãe trabalhando no computador Foto: Freepik

 

Ser pai ou mãe muda tudo, inclusive a forma como os profissionais encaram o trabalho. É o que revela o levantamento “Radar da Parentalidade”, realizado em 2024 pela consultoria Filhos no Currículo, em parceria com o Movimento Mulher 360 e o Talenses Group. Quase a totalidade dos 800 profissionais participantes (98%) afirmou ter adquirido competências que agregam valor à carreira depois de ter filhos. Na prática, isso significa que a parentalidade não é um obstáculo profissional. Pelo contrário: pode fortalecer habilidades fundamentais para o ambiente corporativo.

As competências mais citadas são: paciência (79%), empatia (75%) e tolerância (68%). Os participantes também apontam melhorias importantes em priorização (60%), negociação (47%), liderança (48%) e criatividade (46%), características valiosas em qualquer cargo. Isso significa que o que se aprende ao educar uma criança reflete diretamente na forma de trabalhar, delegar e se comunicar.

O levantamento também apontou dados preocupantes. Quando o assunto é licença-paternidade, o cenário está bem longe do ideal. Entre os pais que trabalham, 34% defendem que o benefício deveria durar mais de 21 dias, enquanto 26% gostariam que fosse superior a 120 dias — um contraste enorme com os cinco dias previstos atualmente na Constituição = e que vão aumentar, gradativamente, para 20 dias. Para 69% dos pais, uma licença estendida é motivo suficiente para repensar sua relação com o emprego. Entre as mães, esse número sobe para 87%, evidenciando que o cuidado com os filhos ainda pesa de forma desigual entre os gêneros.

Certos comportamentos nas empresas são considerados inaceitáveis — e podem levar pais e mães a deixarem o emprego. No topo da lista estão atitudes discriminatórias, seguidas por relatos de demissões no retorno da licença e pela ausência de programas de segurança psicológica. Esses elementos, segundo os autores, criam um ambiente hostil justamente no período em que as famílias mais precisam de acolhimento.

Carreira X cuidado

Por outro lado, alguns benefícios se destacam como decisivos para a permanência e engajamento de profissionais com filhos. Convênio médico com inclusão de dependentes (74%), modelos flexíveis de trabalho (69%) e auxílio creche ou babá (64%) são altamente valorizados. Também entram na lista a garantia de retorno ao mesmo cargo após a licença (50%), jornada flexível no retorno (47%) e programas de bem-estar voltados para a parentalidade (46%). Esses diferenciais vão muito além da conveniência: tornam possível conciliar carreira e cuidado, ajudando na retenção de talentos.

Ainda assim, apenas 54% das mães e 43% dos pais afirmam que as empresas em que trabalham são bons lugares para pessoas com filhos, ou seja, apesar dos avanços, o ambiente corporativo brasileiro ainda está longe de ser verdadeiramente acolhedor para famílias.

No fim, a pesquisa reforça algo que pais e mães já sabem de cor: criar filhos amplia capacidades, refina habilidades e fortalece profissionais. Contudo, para que esse potencial se traduza em ambientes de trabalho mais diversos, humanos e produtivos, é preciso que as empresas façam a sua parte , com políticas efetivas, respeito e apoio real às famílias que sustentam suas equipes.

Aviso de conteúdo

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.

Deixe um comentário

Veja Também