Da Redação
O que fazer quando seu filho sofre uma picada de inseto? Como prevenir e tratar o problema? Quais as orientações para o uso de repelentes em crianças pequenas?
Estas e outras questões foram abordadas por uma cartilha divulgada pelo Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria nesta segunda-feira (5).
O documento explica que “as lesões surgem alguns dias após as picadas e que a reação pode durar algumas semanas quando não tratadas adequadamente”. Segundo os especialistas, evitar a picada é o tratamento mais eficaz. Deste modo, algumas precauções são importantes, como vestir as crianças como mangas longas e calças compridas em locais de maior exposição aos insetos, como nas áreas rurais.
Outra dica é instalar telas nas janelas ou mosquiteiros sobre as camas para impedir a entrada de insetos voadores. Sugere-se, ainda, que, nos períodos do nascer e do pôr do sol, as janelas fiquem fechadas.
Veja as principais recomendações da cartilha:
COMO PREVENIR O CONTATO COM INSETOS
1- As roupas podem ser uma barreira física quando são usadas mangas longas e calças compridas em locais de maior exposição aos insetos como nas áreas rurais. As roupas finas e mesmo transparentes têm pouco benefício na prevenção das picadas, pois permitem que o mosquito pique através delas.
2- Nas janelas e portas das casas podem ser colocadas telas que impeçam a entrada de insetos voadores.
3- A utilização de mosquiteiros nas camas para evitar os insetos voadores é medida eficaz, porém o mosquiteiro deve ser checado para observar se não existem insetos dentro dele antes de colocar a criança. Além disso, pode-se optar pela aplicação de permetrina no mosquiteiro aumentando a sua eficácia, sendo esta medida segura e comprovada.
4- Nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, pois é neste horário que os insetos voadores do gênero Anopheles procuram a refeição. Os mosquitos do gênero Aedes têm maior atividade diurna e em áreas abertas devendo a criança ser protegida durante esse período quando está brincando fora de casa.
5- Ambientes climatizados com ar condicionado são uma forma eficaz de afastar os mosquitos.
6- A dedetização por empresa especializada é recomendada, seguindo-se todas as orientações de tempo de afastamento da casa e limpeza após a dedetização.
7- O uso de repelentes elétricos é benéfico e reduz a entrada de insetos voadores quando colocados próximo de janelas e portas, devendo ser tomado o cuidado com os repelentes líquidos que podem ser retirados da tomada, pela criança, e acidentalmente ingeridos.
8- Deve-se orientar os pais quanto à limpeza do terreno da casa e, se possível, de lotes ou casas próximas, além da retirada do lixo e entulhos que possam acumular água parada que servem como criadouro de insetos voadores.
9- Os animais de estimação devem ser tratados por um veterinário para eliminar pulgas.
10- O uso de vitamina B1 (tiamina) por via oral como repelente parece ser benéfico em alguns casos, porém ainda é tema controverso e com poucos estudos disponíveis demonstrando a sua eficácia. Acredita-se que ao ingerir a tiamina ela seja liberada pelo suor e o seu odor não seja tolerado pelos insetos. A dose recomendada é de 75 a 100mg/dia via oral diariamente, iniciando alguns dias antes da exposição ou mantendo a administração nos meses de verão.
ORIENTAÇÕES GERAIS SOBRE OS REPELENTES
1- Os repelentes tópicos podem ser usados durante passeios em locais com maior número de insetos como praias, fazendas e chácaras, não devendo ser utilizado durante o sono ou por períodos prolongados.
2- Na tabela são apresentados alguns dos repelentes existentes no Brasil e a idade a partir da qual podem ser utilizados:
3- Os repelentes atuam formando uma camada de vapor com odor que afasta os insetos. Sua eficácia pode ser alterada pela concentração da substância ativa, por substâncias exaladas pela própria pele, fragrâncias florais, umidade, sexo (menor eficácia em mulheres), de modo que um repelente não protege de maneira igual todas as pessoas.
4- Existem poucos estudos na faixa etária de bebês com menos de 6 meses sobre segurança dos repelentes e extrapola-se o uso dos recomendados para bebês acima de 6 meses em caso de exposição inevitável e com orientação médica.
5- Óleos naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por serem altamente voláteis (evaporam rápido), protegem por pouco tempo. Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por quase 1 hora e meia. O óleo de citronela, por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta. Óleo de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo que o DEET (no quadro acima). Óleo de capim-limão é o mais efetivo dos óleos naturais.
6- Esses produtos podem causar reações alérgicas locais e sistêmicas e devem ser usados com cautela e, preferencialmente, com a orientação do pediatra.
7- Atenção ao utilizar pulseiras de citronela, pois além da baixa eficácia já foram relatados casos de alergia no local do contato com a pele.
ORIENTAÇÕES SOBRE A APLICAÇÃO DOS REPELENTES
1- NUNCA aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou mesmo colocar a mão na boca.
2- Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos repelentes atuam até 4 cm do local da aplicação.
3- NÃO aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre a pele traumatizada e seguir as orientações do fabricante guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos.
4- Assim que não for mais necessário, o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.
5- NÃO permitir que a criança durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações na criança quando utilizado em excesso.
6- Em locais muito quentes (temperaturas maiores que 30 graus) ou em crianças que suam muito, os fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.
7- Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças. Os repelentes reagem com os protetores solares e acabam por reduzir o efeito do protetor quando aplicados juntos. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a aplicação do repelente escolhido.
8- A apresentação em loção cremosa e gel é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas crianças.
CLIQUE AQUI para ler a cartilha na íntegra.
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