Seu jeito influencia o jeito que seu filho aprende

Sempre imaginei que incentivo, afeto e boas oportunidades fossem o trio principal. Mas, lendo um estudo publicado no Journal of Intelligence, percebi que tem mais coisa acontecendo nessa troca silenciosa entre pais e filhos do que a gente imagina
Relações entre traços parentais e capacidades de crianças superdotadas são mais específicas do que se imaginava
Foto: Freepik
Relações entre traços parentais e capacidades de crianças superdotadas são mais específicas do que se imaginava Foto: Freepik

Uma nova pesquisa, publicada no Journal of Intelligence, avaliou 65 crianças com QI igual ou superior a 120, com idades entre 6 e 14 anos, e mapeou a relação entre as capacidades cognitivas delas e as características dos pais, como nível educacional, habilidades mentais e traços de personalidade. Elas passaram por avaliações da famosa escala WISC, que medem compreensão verbal, memória de trabalho, raciocínio perceptual e velocidade de processamento. Os pais também foram avaliados, tanto em habilidades cognitivas quanto em personalidade.

O espelho silencioso entre pais e filhos

O que me chamou atenção foi a precisão das conexões. Não era “os pais influenciam tudo”, mas sim algo muito mais específico.
Quase como se cada habilidade encontrasse sua parceira no adulto que cuida daquela criança.

• Mães com rapidez mental tinham filhos que se destacavam exatamente na velocidade de processamento.
• Pais com boa memória de curto prazo tinham crianças com alta memória de trabalho.
• Adultos com o traço “conscienciosidade” – organização, responsabilidade, persistência – tinham filhos com melhor raciocínio perceptivo.

Um verdadeiro jogo de espelhos entre gerações.

Não é sobre ser “superpai”, é sobre ser humano

O estudo deixa claro que não existe relação de causa e efeito. Inclusive, aquele velho pensamento de que “quanto mais estudo a mãe tiver, melhor o desempenho verbal da criança” perdeu força quando outros fatores surgiram na análise.

E isso me fez compensar tanta coisa…
A gente reduz o ambiente familiar a estímulo, rotina e escolaridade, mas existe uma parte invisível acontecendo o tempo todo. É a forma como pensamos, lidamos com desafios, organizamos a vida e processamos o mundo que também compõe esse cenário.

Cuidar da nossa mente também cuida deles

E aqui está a parte que mais me tocou. Quando investimos no nosso próprio desenvolvimento, ler mais, aprender algo novo, treinar a memória, fortalecer a atenção…. Não estamos fazendo isso só por nós. Quando fazemos isso, estamos criando um ambiente mental mais rico para nossos filhos. É como se nosso próprio esforço interno abrisse pequenas janelas para eles também verem e explorarem mais.

Cada família é única. Cada mente também.

No fim, talvez a grande mensagem desse estudo seja simples e bonita: crescer não é só coisa de criança. Quando cuidamos do nosso jeito de pensar e viver, quando reconhecemos nossas forças e limites, quando valorizamos as diferenças dentro de nossa própria casa, criamos um espaço mais fértil para a curiosidade, a inteligência e a criatividade florescerem. E, sem perceber, vamos moldando o futuro deles enquanto continuamos moldando o nosso.

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