A vida intrauterina é um ambiente interativo e estimulante ao desenvolvimento do bebê. O útero materno proporciona à criança vivências multi-sensoriais muito ricas e importantes para sua adaptação após o nascimento. O bebê nessa fase é capaz inclusive de responder a estímulos do mundo externo.
Enquanto cresce na barriga da mãe, ele experimenta movimentos, giros, rotações, a exploração das mãos, dos pés, chutes e sensações que sente no corpo. “Tudo isso se constitui em memórias corporais que mais tarde serão acionadas pelo próprio bebê”, explica a terapeuta ocupacional Juliana Daher, que participou do segundo encontro do Ciclo de Conversas sobre Leitura com bebês, realizado pelo Clube de Leitores A Taba em parceria com o Itaú Social.
Na conversa virtual, Juliana explicou que a vida intrauterina também propicia experiências sonoras ao bebê, que surgem por volta da 12a semana da gestação, quando a audição começa a se desenvolver. Os bebês escutam os líquidos internos, os gases, os movimentos peristálticos e das vísceras. “É uma experiência tão profunda, literalmente encarnada, entranhada e ao mesmo tempo única, de construção de sons, que representa o primeiro repertório desse bebê”, relata Juliana, que é mestre em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG e mediadora de leitura para bebês, crianças e famílias.
A capacidade de reconhecer sons familiares
Nesse percurso de desenvolvimento do bebê, a partir da 16a semana, aproximadamente, ele começa a perceber sons do mundo de fora, dependendo do volume e da intensidade com que eles são emitidos. São sons da própria gestante e das pessoas que estão em volta dela, que passam a fazer parte desse repertório sonoro de experiências do bebê.
“Muitas famílias, inclusive, relatam que quando o pai conversa com o bebê ainda na barriga da mãe, ele tem reações, fica mais agitado diante dessa voz, porque de fato essa voz vai se tornando familiar, assim como a voz da mãe”, comenta Juliana. E também é comum que o simples fato de ouvir a voz da mãe tranquilize o recém-nascido, quando ele está chorando, por exemplo, complementa a terapeuta ocupacional. Ela lembra que essas experiências significam o primeiro ‘banho’ de imersão sonora e sensório-motora que ele vivencia.
Sinais que servem de orientação para os cuidados
São esses saberes e essas memórias que o bebê carrega e aciona quando nasce, que servem para guiar a mãe, o pai e responsáveis nos cuidados, para que saibam como carregá-lo, embalá-lo e com que intensidade, por exemplo. “Quando a gente escuta e faz uma leitura desse bebê, as orientações que ele dá, a gente consegue com muito mais tranquilidade atender às suas necessidades”, ressalta Juliana.
É nesse contexto que as canções e cantigas entoadas, usadas de forma coletiva, desde o passado, nos mais diferentes contextos – de guerra, trabalho, como referência aos elementos da natureza ou ao sagrado – se tornaram também experiências relacionais mais próximas como as das mães com seus bebês.
Esses cantos se configuram como uma estética diferenciada, de suavidade da voz, dos movimentos ligados ao balanceio, que são conectados com memórias corporais que o bebê traz da vida intrauterina, tornando a sua chegada mais amena.
Saiba mais sobre a importância do corpo e do movimento para os bebês.
Assista abaixo à conversa com Juliana Daher, promovida por A Taba, durante o Ciclo de Conversas sobre Leitura com bebês:
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*Conteúdo patrocinado por A Taba.