Tenho um “Cebolinha” em casa, e agora?

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    Para adquirir a fala, a criança passa por etapas de evolução. Tais etapas se iniciam por volta dos 18 meses de idade, quando percebemos as primeiras produções, e terminam por volta dos 5 anos, com a produção correta de todos os fonemas. Inicialmente, as produções possuem “erros”, processos fonológicos naturais, pois a criança não consegue organizar a fala como os mais velhos. Com o crescimento, observação e contato com os adultos, a criança percebe diferenças na fala e começa a produzir os sons corretamente. Mas, até isso acontecer, leva tempo e pode gerar dúvidas ou insegurança nos pais.

    Por volta dos 3 anos e 6 meses de idade, grande parte das crianças já atinge um bom nível de comunicação e sua fala é próxima à de um adulto. Possui um vocabulário satisfatório e boa capacidade de argumentação. Em meio a essa evolução, escutamos: “Mãe, quelo ser o plimeilo da tulma!”, o que causa insegurança em meio a tanto desenvolvimento.

    A fase do “Cebolinha”, na maioria dos casos, é passageira e faz parte do processo fonológico. Isso ocorre por que o som do R (quando aparece no meio da palavra, isolado e precedido de vogal) é o som mais difícil de ser adquirido, por exigir uma precisão da musculatura da língua. Por isso, é o último a ser instalado. Quando a criança põe o L no lugar R, ela nos mostra que percebe que há um som para ser articulado mas difícil de ser pronunciado. Então, para não ficar um “espaço” na palavra, faz o som que mais se assemelha articulatoriamente e com a produção mais simples, o L. Com a maturidade e com o contato com a fala do adulto, esse som é corrigido de forma natural. A idade de aquisição do som do R na forma isolada, como na palavra para, ocorre a partir dos 3 anos e 6 meses. Já em encontro consonantal (tr, dr, br, entre outros) a partir dos 4 anos e 6 meses. Algumas crianças apresentam maior dificuldade, precisando de ajuda.

    Os obstáculos para articular esse som podem estar relacionados a questões neurológicas, musculares (e/ou esqueléticas) ou fonológicas. Caracterizado pela dificuldade específica na produção de alguns fonemas, sem outras alterações, esse último caso é o mais comum entre as crianças. Caso você repare que a dificuldade de pronunciar o R persiste a partir dos 4 anos ou que seu filho já percebe que não consegue falar como os colegas, procure um fonoaudiólogo para auxiliá-lo.

     

    Autora


    PATRÍCIA COLARES LUZ ALVES

    é fonoaudióloga, especialista em motricidade orofacial, com aprimoramento em neuroaprendizagem. 

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