Por Cláudia Aparecida Borges Magalhães
A visão contribui para 80% do nosso aprendizado. E cerca de 12% das crianças em idade escolar têm uma síndrome hereditária que gera um distúrbio visual e pode afetar diretamente seu aprendizado: a síndrome de Irlen.
Seus principais sintomas são: fotofobia, coceira nos olhos, lacrimejamento, irritabilidade, inquietude, cansaço, desconforto, dor nos olhos, dor de cabeça, enjoo, baixa estima, desinteresse pelo estudo e dificuldade para acompanhar objetos em movimento. Mesmo a pessoa que tem acuidade visual normal (sem grau algum) pode ter a síndrome.
Ler se torna difícil para quem tem essa síndrome, mesmo sem nenhuma questão patológica na visão. A escrita cursiva dificulta ainda mais a leitura e a cópia do quadro. A criança na escola pode ficar desatenta, hiperativa e até mesmo ser considerada portadora de outros transtornos que ela não tem, como o déficit de atenção, TDAH, dislexia e disgrafia.
Outros fatores podem ajudar a detectar o problema:
›› Quando a criança estiver no parque ou playground, observe se ela erra os degraus ao subir a escada do escorregador, por exemplo.
›› Ao abrir a janela do quarto, a luminosidade incomoda seus olhos a ponto de doer? A criança prefere locais mais escuros?
›› Ao fazer atividades que exijam maior concentração ou tempo de estudos, veja se a criança fica irritada, coça ou lacrimeja os olhos.
›› Ao ler um texto, veja se ela pula letras, linhas, omite palavras ou as inventa.
›› Se anda “tombando” para um lado, sem conseguir andar em linha reta.
›› Se sempre deixa as coisas cair das mãos ou se sempre as coloca na borda da mesa e caem.
›› Se a criança se queixa constantemente de dor de cabeça.
›› Se ela nunca consegue pegar os objetos em movimento.
›› Se tem sono constante, mesmo após uma boa noite de sono.
Caso os sintomas não tenham nenhum motivo neurológico ou de coordenação motora, pode ser que a criança tenha a síndrome de Irlen.
Nos últimos sete anos, a Fundação HOLHOS, do Hospital dos Olhos, representada pelos médicos Ricardo Guimarães e Márcia Reis Guimarães, dedica-se a promover o conhecimento para identificação e tratamento dos distúrbios de aprendizagem relacionados à visão e oferece o curso sobre a síndrome de Irlen, para formação do screener, o profissional habilitado para fazer o teste e identificar o problema. O Espaço Psicopedagógico BH é um dos locais que fazem esse teste na capital mineira.
Uma vez identificada a síndrome, basta encontrar a solução adequada para cada caso, como o uso de overlay — placa do tamanho de uma folha A4, que é colocada sobre as páginas de livros, cadernos ou na tela do computador — ou óculos, quando o grau de distorção é mais acentuado.