Pérola Preta era uma menina negra que se sentia linda, feliz e representada nos espaços por onde circulava, porém, ao iniciar a vida escolar, ela sofre racismo e se depara com o preconceito quanto às suas características étnico raciais. Essa é a história do livro Preta de Greve e as Sete Reivindicações, escrito pela pedagoga e especialista em gestão e supervisão escolar Zenilda Vilarins Cardozo, mas poderia ser um relato real, vivido por uma das tantas garotas negras brasileiras, que diariamente enfrentam diversos desafios, culminando muitas vezes em episódios violentos e traumáticos.
Inspirada na literatura de cordel, a obra usa no título o termo “Preta de greve” que, segundo Zenilda, é uma provocação para chamar a atenção à condição da mulher negra na sociedade, sua falta de representatividade e a necessidade de lutar diariamente por direitos.
Inspirada em um trabalho de empoderamento feminino realizado com crianças de 6 a 11 anos, a trama destaca questões cruciais para as meninas negras tendo como base o tripé informação, resistência e reivindicação. Na obra, a personagem principal faz sete reivindicações fundamentais:
1. O que é cabelo bom?
2. Lápis da cor da minha pele não há?
3. Por nossa história, meu povo merece respeito.
4. Feio é seu preconceito.
5. Nós também temos direito a voz, podemos falar.
6. Escolas para todos nós, pois queremos estudar.
7. Somos lindas, somos fortes.
“A história da Preta não romantiza o racismo, nem traz um final mágico dos contos de fadas e sim possibilidades de reflexão e conquista dos espaços para garantir voz e vez”, conta a autora.
Zenilda dedicou 34 anos de sua vida à educação e diz que se sentiu motivada a começar a escrever quando identificou a ausência de textos sobre questões sociais para trabalhar com os alunos em sala de aula. Debater a temática desde cedo com as crianças – o que inclusive está previsto na lei 10.639 de 2023, que trata do ensino e da cultura afro-brasileira – é fundamental, conclui a autora.