O excesso de exposição das crianças e adolescentes às telas, com acesso das redes sociais e diferentes plataformas, exige dos pais um novo comportamento, segundo o psicólogo e psicoterapeuta Cristiano Nabuco, uma das maiores referências do país nos estudos sobre vício de internet e games. Nabuco é especialista em dependências tecnológicas e coordenador do Programa Ambulatorial Integrado dos Transtornos do Controle do Impulso (PRO-AMITI) do IPq–HC–FMUSP, em São Paulo. Os pais, segundo ele, precisam estar “engajados” neste tema e ter informações sobre impactos negativos do uso excessivo das tecnologias na infância e conversar bastante com filhos para que adquiram consciência crítica.
O especialista concedeu entrevista à Canguru News para a série “Conversas sobre Educação Parental”. Ele também foi palestrante no 2º Congresso Internacional de Educação Parental realizado no ano passado, organizado pela Canguru.
Quando um filho vai sair com um amigo e dormir fora de casa, os pais normalmente fazem inúmeras perguntas: “quem é, para onde você vai, de onde o conhece”. O mesmo monitoramento cuidadoso deve ser feito quando a criança ou o adolescente estão acessando redes sociais e plataformas digitais.
“Na medida em que seu filho vai usar as plataformas, sente-se ao lado dele, converse, desenvolva consciência crítica. Porque só no momento em que você preenche essa lacuna é que seu filho não vai buscar na tecnologia o que ele não acha em casa”, afirma Nabuco.
De acordo com o especialista, “quanto mais parentalidade, menor o risco de os filhos terem uso problemático ou descontrolado das redes”. Nesta entrevista, ele ainda comenta sobre o uso da tecnologia na educação, e observa: “As escolas não têm a mais vaga ideia ou noção dos riscos do uso da tecnologia”. O psicólogo enfatiza que não é contra o uso da tecnologia, mas é preciso haver critérios e engajamento parental, reforça.
Ele lembra que os CEOs de plataformas e empresas digitais no Vale do Silício, EUA, optam por colocar seus filhos em escolas chamadas “techless schools”, onde o uso de aparatos tecnológicos é totalmente proibido até os 8 anos. Ele critica o uso prematuro de smartphones e tablets e defende que crianças formem suas conexões neurais, seus circuitos, para só mais tarde terem acesso a essas ferramentas. “Isso não pode se tornar precoce, senão vamos pagar um preço muito alto.” Confira a entrevista na íntegra.
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