Pisca-pisca de Natal encantam as crianças, mas exigem cuidados importantes para evitar acidentes

O brilho das luzes de Natal é um dos maiores encantos dessa época, principalmente para as crianças. Janelas iluminadas, árvores cintilantes e fachadas enfeitadas transformam a cidade. Mas, junto desse encantamento, vem um alerta que muita gente acaba deixando passar: as decorações elétricas podem oferecer riscos reais, especialmente para quem convive com crianças, que são curiosas por natureza.

“Se não forem instalados corretamente, os pisca-piscas e enfeites iluminados representam um perigo real de choques, queimaduras e até incêndios”, explica o especialista em engenharia elétrica Felipe Henrique de Souza da Fonseca, docente do Centro Universitário MAX Planck (UniMAX Indaiatuba) e do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ).

O perigo é maior do que parece. Segundo um relatório de 2024 da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), foram registrados 1.077 casos de choques elétricos em residências, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Apesar de não existirem dados específicos sobre o período natalino, relatos de acidentes envolvendo crianças chamam atenção: um menino de 10 anos morreu em Curitiba ao levar um choque durante a instalação dos enfeites; em Caldas Novas (GO), uma menina de 8 anos foi eletrocutada ao encostar em um poste decorado com um pisca-pisca danificado.

Onde moram os riscos

De acordo com Fonseca, muitos acidentes começam em detalhes que parecem pequenos, como:

• Fios ressecados pela reutilização de um ano para o outro;
• Emendas improvisadas;
• Tomadas antigas;
• Extensões inadequadas;
• Manusear a árvore ainda conectada à tomada.

“Uma falha no isolamento, um fio ressecado ou uma extensão improvisada pode deixar partes energizadas expostas, e uma simples curiosidade infantil vira um acidente grave”, reforça o especialista.

No caso dos pisca-piscas, há dois tipos principais:

• Conectados diretamente à tomada (110V ou 220V): mais comuns, porém mais perigosos, porque a corrente percorre todo o enfeite;
• Modelos USB (5V a 12V): de baixa tensão, mais seguros e econômicos, em caso de choque, não oferecem risco à vida.

Optar por produtos certificados, com cabos reforçados, também reduz bastante o risco. Depois de instalados, é fundamental evitar contato com umidade, principalmente com os modelos ligados diretamente na tomada.

Enfeites externos exigem ainda mais atenção

Quando se trata de decorações colocadas em ruas, praças e espaços públicos, o alerta é ainda maior. “Nunca deixe a criança tocar em enfeites externos. Não há como saber se o pisca-pisca está com isolamento adequado”, orienta Fonseca. A curiosidade é natural, mas o controle — nesses casos — não existe.

O local da árvore também importa (e muito)

Para criar um ambiente seguro, a posição da árvore dentro de casa faz diferença. O ideal é mantê-la:

• Longe de cortinas e tecidos inflamáveis;
• Afastada de sofás e tapetes;
• Longe de janelas com corrente de ar;
• Longe de fontes de calor, como velas ou aquecedores.

Materiais sintéticos usados em árvores artificiais podem pegar fogo rapidamente em caso de curto-circuito. Por isso, montar a árvore em um canto amplo, com espaço ao redor, e manter supervisão constante é a melhor forma de prevenir acidentes.

Em caso de choque

Se, apesar dos cuidados, ocorrer um acidente com descarga elétrica, Fonseca orienta:

1. Desligue o disjuntor antes de tocar na criança, isso evita que o adulto também seja atingido.
2. Verifique respiração, consciência e queimaduras.
3. Mesmo que pareça estar tudo bem, procure atendimento médico.
4. Em caso de inconsciência, inicie primeiros socorros enquanto aguarda o resgate.

“A calma do responsável é fundamental para que as medidas sejam tomadas com segurança e rapidez”, reforça o especialista.