Volta às aulas e um alerta: cuidado com o peso da mochila!

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Você sabia que 85% da população adulta do mundo já sentiu ou sente dores nas costas? E que grande parte dos problemas de coluna está relacionada ao peso que carregamos ao longo da vida? Por isso, nesta época de volta às aulas, é preciso muita atenção ao peso que as crianças carregam ao ir para a escola. Com o corpo em crescimento acelerado, sobrecargas mecânicas nesse processo podem ser muito prejudiciais às crianças.

O peso em excesso faz com que o centro de gravidade do corpo mude e a criança adote uma postura para frente, prejudicando a coluna e toda a musculatura responsável por manter a nossa posição ereta. Com isso, podem aparecer queixas de dores nas costas, ombros, joelhos, tornozelos e pescoço. Além disso, dores de cabeça tensionais também podem advir dessa sobrecarga mecânica nos músculos do pescoço e ombros, comprometendo o dia-a-dia e até mesmo o desempenho escolar.

Para evitar todas essas complicações, o ideal é que sejam usadas mochilas com rodinhas para que não se carregue nada nas costas.

No caso das mochilas sem rodinhas, é preciso atenção para o tamanho da alça: a criança tem que conseguir carregá-la sem se curvar.

Em ambientes em que os percursos são acidentados ou com muitas escadas (ou outras situações em que seja impossível o uso de rodinhas), o peso da mochila nas costas não deve ultrapassar 10% do peso da criança. Por exemplo, um menino com o peso em torno de 20 quilos não deveria carregar mais do que dois quilos na mochila. O que nem sempre acontece…

A Sociedade Brasileira de Ortopedia recomenda algumas medidas simples para minimizar danos:

  • optar por mochilas de alças acolchoadas e largas (com no mínimo quatro centímetros);
  • sempre carregar a mochila nos dois ombros;
  • ajustar as alças para que a mochila fique bem próxima ao corpo e sua base a cinco centímetros da linha da cintura.

Mochilas com terceira alça no quadril também são uma boa opção, pois minimiza a carga e distribui melhor o peso. Ao arrumar a mochila, os objetos mais pesados devem ficar centralizados para que a carga se equilibre e deve-se evitar o excesso de materiais. Objetos que não serão utilizados no dia devem ficar em casa.

Os pais e a escola têm que estar cientes e atentos a essas orientações para fazerem adaptações caso sejam necessárias. Por exemplo: instalando e estimulando o uso de armários nos colégios, ou evitando que se carregue o material completo todos os dias. Competências desejáveis como planejamento e organização podem ser estimuladas com essa prática e a coluna das crianças fica preservada.

Segue, então, a lição de casa para os pais: observar o peso da mochila dos filhos e prestar atenção se as recomendações estão sendo seguidas.

Consulte seu pediatra para uma avaliação individualizada. Cuidar da saúde das crianças é prevenir complicações e doenças da vida adulta e da velhice.


Talita Lodi Holtel
Talita Lode Holtel é mãe de Paola e Helena. Pediatra e hebiatra formada pela Unifesp, é especialista em gestão em saúde e coordenadora do Pronto Atendimento Infantil e da Unidade de Internação Pediátrica do Hospital Sepaco (SP), além de Supervisora do Programa de Residência Médica.

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