Um abaixo-assinado, que circula na Internet desde segunda-feira (17), ganhou força nesta quarta (19), especialmente entre os moradores do bairro Luxemburgo, localizado na região centro-sul da capital. O documento, que contava com 2.156 assinaturas até as 17h desta quarta-feira, afirma que a mata do Luxemburgo e o Parque Mosteiro Tom Jobim, ambos no coração do bairro, seriam entregues pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) à Patrimar Engenharia para a construção de três torres de edifício. O projeto, contudo, é bem diferente do que diz o texto.
Dos quase 12 mil metros quadrados que constituem o terreno em que poderá ser construído o condomínio, 5.600 m² serão doados ao poder público para serem incorporados ao Parque Tom Jobim. Atualmente, o parque conta com uma área de 6.400m². Ou seja: o espaço vai praticamente dobrar de tamanho.
Esta seria a compensação ambiental proposta pela PBH e pela construtora Patrimar como contrapartida para a obra da edificação residencial multifamiliar de 21 pavimentos, com 106 unidades e 17,7 mil metros quadrados de área construída. O empreendimento deve ser erguido onde hoje existe uma mata, em terreno privado, ao lado do parque. Vale lembrar que o parque foi construído em 2001, também como uma medida de compensação ambiental.
Veja o local onde pode ser feito o empreendimento:
Mas tudo isso ainda está no papel e não deve acontecer em um futuro próximo, nem há qualquer prazo definido. Segundo a PBH, ainda não há autorização para a construção do edifício, já que a operação urbana está em fase de planejamento e poderá, inclusive, sofrer alterações na proposta até então trabalhada com base nas sugestões dos moradores do bairro. Com a proposta fechada, será elaborado um projeto de lei e encaminhado à Câmara Municipal de BH. Somente após a aprovação, o empreendedor poderá dar entrada com o projeto para o licenciamento e obtenção do alvará de construção.
NOVA ENTRADA
Outras contrapartidas foram propostas na operação urbana, como melhorias na Rua Gentios, com tratamento de passeios, travessias para pedestres e implantação de um mirante, além de arborização e iluminação do entorno, implantação de uma via de ligação entre os bairros São Bento e Luxemburgo e restauração da antiga Casa de Fazenda, localizada no aglomerado Santa Lucia. Outra novidade é que o parque ganharia mais uma entrada, pela Rua Luiz Soares da Rocha, com infraestrutura de apoio aos usuários, guarita, instalações sanitárias e receptivo coberto, implantação de lixeiras, bebedouros, playground e aparelhos de ginástica, trilhas ecológicas com piso permeável, substituição do cercamento da área atual por gradil metálico revestido com poliéster e novos pontos de irrigação.
A apreensão dos moradores se deve à falta de esclarecimento por parte dos envolvidos e, provavelmente pela sondagem realizada pela Patrimar nos últimos dias, que passou em algumas casas fazendo perguntas sobre o novo empreendimento. Um dos moradores, que não quis se identificar, disse que representantes da empresa questionaram sobre o que achavam da construção de um grande edifício no bairro. O burburinho se espalhou pelas redes sociais e despertou a hipótese de que o parque estaria em risco.
Para esclarecer essas questões e abrir espaço para que os moradores deem sugestões e tirem dúvidas, uma audiência pública está marcada para a próxima segunda-feira (24), às 19h, no Hotel Ramada Encore Virginia Luxemburgo (Rua Gentios, nº 274, Luxemburgo).
Procurada pela Canguru, a Patrimar não quis se posicionar sobre o assunto e disse que todos os esclarecimentos serão dados por meio da prefeitura e também por representantes da empresa apenas durante a audiência pública.