Quando a parentalidade afeta o casal

Para educar os filhos, temos de saber quem somos e quem eles são, e "como nos fundimos numa relação, como a completamos e a tornamos boa", explica a educadora parental Magda Gomes Dias

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Mãe, pai e filho deitados de bruços na cama; Quando a parentalidade afeta o casal
Diante de tantas filosofias e autores com estilos distintos a comunicar, é preciso saber quais informações fazem mais sentido para cada mãe e pai
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“Já tentei de tudo, mas não funciona comigo. Já frequentei esta formação, já li os livros e até mandei vir alguns em inglês, que vi que eram muito bons, mas por algum motivo as técnicas não estão a funcionar. Não sei, devo ser eu…”

Pode ser que sim, mas colocaria as minhas moedas no outro lado: no excesso de informação. Há muitas filosofias, há autores com estilos muito distintos a comunicar, há informação errada nas redes, há temas que deitam fogo à sala, há a necessidade de provar que somos capazes. E por isso, consumimos, de forma desenfreada, toda a informação, todas as páginas. Mas não separamos o trigo do joio, falhamos, algumas vezes, a perceber se aquele é o nosso estilo, se aquela informação me serve e se faz sentido.

Podemos fazer todas as ações, podemos ler todos os livros, conhecer todas as dicas e estratégias mágicas. Tenho a certeza que meia dúzia vão funcionar aqui e acolá, mas se nos falha o mais importante, parte dessa energia e tempo gasto não valeram de nada.

Se não soubermos olhar e, então, identificar o que é preciso ser ou fazer, não conseguiremos ir muito longe, e daí o “mas não funciona comigo.”

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A parentalidade não é sobre estratégias, tal como não não são as relações humanas. É sobre conhecermos quem somos e quem é o outro e como nos fundimos numa relação, como a completamos e a tornamos boa.

Outro dia, quando falava com uma aluna, que se tornou amiga, ela explicava-me que finalmente tinha aprendido a ler os seus filhos mas o que lhe fez diferença foi conseguir ler o marido.

Percebeu como que ele funcionava, onde estavam os seus medos e como isso tem efeito no nosso comportamento. São medos inconscientes, tantas vezes, mas é tão bom conseguir responder, de forma diferente a um comportamento, porque agora conseguimos ver o que está por baixo.

O olhar dela mudou de forma radical. Não precisou de muitas estratégias depois, porque, na verdade, aos 44, já sabia bailar a dança da vida. Só não conhecia o parceiro de dança tão bem quanto julgava. Agora ela segue-lhe o ritmo e ele o dela, sem saber bem porque é que agora funciona melhor.

A esta altura do texto podes perguntar-te porque razão o outro não muda, também? Eu não sei. Talvez porque não tenha consciência da necessidade, porque não é importante, porque não precisa, porque acha que é assim… E quem te disse, na verdade, que ele nunca tentou? Não sabemos tudo o que vai na cabeça do outro, mas quando passamos a saber um pouco mais sobre pessoas, estudamos um pouco mais, afinamos o nosso olhar, sabemos melhor o que fazer.

E isso, gente boa, não tem preço!

*Este texto é de responsabilidade do colunista e não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.

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