Como a pandemia pode afetar a saúde mental das crianças

Especialistas se preocupam com os efeitos que a pandemia pode ter no emocional dos pequenos

1850
Criança olha para fora por um janela em meio à pandemia de coronavírus, em imagem que ilustra matéria sobre saúde mental das crianças.
Pesquisadora afirma que saúde mental das crianças está sendo negligenciada em meio à pandemia. Foto: Freepik
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais
Buscador de educadores parentais

Em meio à pandemia do novo coronavírus, com as mortes, o isolamento social e todas as mudanças de rotina, é comum que apareçam sentimentos de insegurança, apreensão e ansiedade. E não é diferente com as crianças: a pandemia pode ter consequências graves para a saúde mental dos pequenos, o que tem preocupado especialistas. A incerteza da situação pode causar um estresse que tem potencial até mesmo para aumentar a incidência futura de doenças como diabetes ou problemas cardiovasculares nos pequenos. 

De acordo com reportagem da BBC Future, outros efeitos da pandemia na saúde mental das crianças podem englobar problemas comportamentais a longo prazo, por conta da dificuldade de processar a situação atual com toda a insegurança e a tensão sobre o que vai acontecer a seguir. O desenvolvimento de habilidades socioemocionais também pode ser prejudicado. 

Leia também – 8 livros que te ajudam a conversar sobre a pandemia com as crianças

“Nós não temos nenhuma experiência realmente semelhante para a qual podemos olhar no passado para tentar ver o que aconteceu”, diz Ezra Golberstein à BBC. Ele é pesquisador na Escola de Saúde Pública da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. “Mas as crianças são sensíveis e responsivas a seus ambientes e estressores no início da vida têm consequências para o desenvolvimento infantil, a saúde mental e o desenvolvimento do capital humano, então estou bastante preocupado”, declara. 

A reportagem da BBC também aponta que, além das próprias preocupações, as crianças ainda são sensíveis às preocupações dos pais, podendo “absorver” a angústia dos adultos em relação a problemas no trabalho, à tensão do isolamento ou à própria Covid-19. Para efeito de comparação, Louise Dalton e Elizabeth Rapa, pesquisadoras do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Oxford, na Inglaterra, apontam pesquisas realizadas com crianças cujos pais tinham HIV ou câncer: essas crianças frequentemente acreditavam que seus próprios pensamentos ou comportamentos eram a causa de tudo, o que também poderia acontecer agora, durante a pandemia.  

Leia também – Não sentir, se desconectar das emoções, entrar no ‘modo avião’: isso é saudável? 

Despreparo 

Dalton e Rapa apontam que pais não receberam informações suficientes para conseguir apoiar os filhos emocionalmente durante a pandemia. “As necessidades emocionais das crianças estão sendo completamente negligenciadas no momento”, diz Rapa. Segundo ela, muita informação foi propagada sobre a prevenção do contágio pelo coronavírus, mas campanhas de saúde dos governos forneceram pouquíssimas orientações em relação a como lidar com o estresse. 

“[As crianças] agora são experts em transmissão viral, mas elas não estão sendo ensinadas sobre como nós podemos conversar sobre isso e lidar com coisas tão importantes”, comenta Elizabeth Rapa.  

Como cuidar da saúde mental das crianças na pandemia 

Os problemas são muitos e não há solução mágica. Mas as duas pesquisadoras recomendam um ato simples dos pais para proteger a saúde mental das crianças durante a pandemia: conversar com os filhos. Conversas abertas e honestas com as crianças sobre como a família toda está se sentindo são necessárias. A tentação de se mostrar forte e ignorar as tensões não funciona. “Uma vez que todo mundo começa a conversar sobre [os estresses], as coisas melhoram”, afirma Rapa. 

Leia a reportagem completa no site da BBC Future (em inglês).  

Quer receber mais conteúdos como esse? Clique aqui para assinar a nossa newsletter. É grátis! 

Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.

DEIXE UM COMENTÁRIO

Por favor, deixe seu comentário
Seu nome aqui