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Autoritarismo gera autoritarismo: será que você está seguindo esse padrão?
Essa é uma afirmação que devemos sempre levar em consideração. Muitos de nós crescemos com pais que não tinham consciência de como seus atos autoritários e agressivos poderiam impactar negativamente a vida dos filhos.
Eles apenas repetiram um padrão que também foi usado com eles. Nesse modelo, muitas vezes, não éramos vistos ou levados em consideração quando tentávamos ser autênticos, mas percebíamos que éramos aceitos quando obedecíamos ou fazíamos exatamente o que esperavam de nós. E, nesse processo, acabamos nos perdendo de quem realmente viemos a ser, deixamos de olhar para dentro e paramos de confiar na nossa verdadeira essência.
Muitas crianças foram criadas e empurradas para atender às expectativas dos pais, às suas questões idealizadas e para preencher as fantasias e sonhos não realizados por eles.
Aprendemos a obedecer a ordens, a seguir o que nos mandavam fazer, por isso tantas pessoas nunca tiveram a chance de se conectar com a sua própria verdade, porque fazer isso certamente resultaria em punição. Por isso que é tão importante interrompermos esse ciclo vicioso de educar nossos filhos como se estivéssemos usando uma “ditadura”, querendo obrigá-los a se encaixar em nosso modelo de perfeição e idealização.
Quando nos tornamos conscientes de quem realmente somos, de nossas limitações emocionais, nos conectamos a nossa humanidade e fica mais fácil ver e aceitar nossos filhos como realmente são. E, sim! Eles merecem esse presente. Seres humanos que viveram em um deserto emocional durante a infância não aprenderam a lidar com suas emoções. Muitos tiveram pais presentes fisicamente, porém ausentes emocionalmente.
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Pais que não conseguiam se conectar com os filhos, porque não estavam conectados consigo mesmos. Que tinham grande dificuldade para compreender o que sentiam, portanto, também não compreendiam os sentimentos do outro e, claro que, normalmente, quem sofre as consequências dessa falta de consciência são os filhos, a parte mais frágil dessa relação.
O que falta nesses adultos? Falta conexão, um olhar afetuoso para dentro de si, compreensão, aceitação, levar em consideração a sua verdade interior, aceitar a própria vulnerabilidade, questionar os padrões aprendidos e a aprender a se amar de forma incondicional, mesmo quando tudo parece ir de mal a pior.
Como resultado de ter pais autoritários que seguiam uma educação rígida, eles entenderam que não eram dignos ou merecedores de amor incondicional, pois eram punidos e castigados quando cometiam erros, muitos eram maltratados e humilhados quando não obedeciam cegamente a seus pais.
Então, se os próprios pais que supostamente deveriam amar de forma incondicional não o fizeram, como aprender a se aceitar e a se amar incondicionalmente? Um grande desafio realmente.
Mudar essa dinâmica é fundamental e urgente para que seja possível iniciar um processo de cura. Como adultos, podemos fazer uma escolha consciente de aprender a se tratar de outra forma, a escutar e validar as próprias necessidades e atendê-las sempre que necessário.
Essa caminhada é individual e intransferível. Enquanto não nos modificarmos internamente, não mudaremos positivamente a relação com os nossos filhos e com mais ninguém.
Se, por medo da dor, optarmos por permanecer onde estamos, sem assumirmos a responsabilidade de mudar e de transformar as nossas vidas, estaremos, então, sendo responsáveis por repassar essas “feridas” infantis de geração em geração. Isso também é uma escolha e não um acaso do destino. Tornar-se responsável pelos nossos resultados dói, mas é o único caminho possível para a mudança que tanto desejamos ver em nossas vidas.
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Telma Abrahão
Telma Abrahão é formada em Biomedicina mas mudou de carreira após a maternidade, tornando-se educadora parental. Autora do livro "Pais que evoluem" e apaixonada pelo tema da Parentalidade Positiva, fundou a empresa Positive Parenting Education, uma escola de pais localizada na Flórida (EUA), que ajuda famílias a encontrar mais equilíbrio em suas relações entre pais e filhos.
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