Por Bebel Soares – Sabe esse papo de coisa de menino e coisa de menina? Brinquedo de menino e brinquedo de menina? E esse medo que temos das questões de gênero? E essa nossa necessidade de diferenciar os meninos das meninas até nas brincadeiras? Não é de hoje que a discussão foi aberta, mas ainda tem gente que acha que menino tem que ter cabelo curto e menina tem que ter cabelo comprido, que menina não joga futebol, que menino não brinca de casinha.
Medo? De quê? De “induzi-los” a ser homossexuais? Se homens têm filhos e devem cuidar deles, os meninos deveriam ter o direito de brincar com bonecas. Se as mulheres dirigem, se tem um monte de “mãetorista” por aí, as meninas deveriam poder brincar de carrinho.
E aquelas perguntas que as crianças fazem sobre namorado e casamento? Cuidado com as respostas que induzem a criança a achar que a verdade absoluta é que homem gosta de mulher e mulher gosta de homem. A questão de gênero não precisa vir na resposta.
“Mamãe, um dia eu vou me casar?”. Você pode responder: “se você encontrar alguém muito legal, que você ame, pode ser que sim” (“alguém” não tem sexo, pode ser homem ou mulher, nesse momento isso não vem ao caso). Por mais difícil que seja, precisamos lidar com a possibilidade de os nossos filhos gostarem de alguém do mesmo gênero, e, se isso acontecer, ele não merece sofrer por acreditar que se apaixonar é errado.
Se a pergunta for mais específica: “Mãe, meninas podem namorar meninas?”. Aí, sim, a própria criança introduziu a questão. Nesse caso você não pode escapar da resposta. Claro que você vai responder de acordo com as suas crenças e princípios, mas, lembre-se: a verdade é que meninas namoram meninas, e meninos namoram meninos também, quer você goste disso ou não.
Ou seja, não imponha, mesmo inconscientemente, que a criança tem que ser heterossexual. Ainda que a possibilidade de seu filho não ser hétero seja desconfortável pra você, isso não é uma coisa que os pais definem. Nós educamos e orientamos, quem escolhe o caminho são eles.
Amar nunca é errado.