O erro comum que quase todo adulto comete diante de uma picada de escorpião em crianças

Os acidentes com escorpiões estão aumentando no Brasil, inclusive nos centros urbanos Foto: Freepik

Se tem uma coisa que mexe com qualquer mãe é ver o filho em risco e sentindo dor. E, quando essa dor vem de uma picada de escorpião, o pânico bate forte. A gente acha que “nunca vai acontecer com a gente”, mas os números mostram outra realidade. Segundo o Ministério da Saúde, só até julho deste ano já foram mais de cento e onze mil casos no Brasil. Isso inclui cidades grandes, apartamentos, bairros urbanos. É mais comum do que parece.

E, na pressa de ajudar, muitos pais cometem erros achando que estão fazendo o certo. Eu mesma já ouvi versões de tudo quanto é tipo. Torniquete para “segurar o veneno”. Pasta de dente para “acalmar a pele”. Borra de café para “puxar o veneno”. Pomada para “aliviar”. Calor para “diluir”. A verdade é que nada disso ajuda. Na maioria das vezes, só atrapalha.

O torniquete, por exemplo, que muita gente considera “o primeiro passo”, pode agravar o quadro e até aumentar o risco de necrose. Tentar sugar o veneno não funciona e ainda pode causar infecções. Pomadas e álcool irritam a pele. Compressa quente espalha o veneno mais rápido. E todas essas tentativas caseiras atrasam o que realmente importa: chegar no hospital o quanto antes.

Em entrevista ao Canguru News, a dermatologista pediátrica Flavia Prevedello, do Hospital Pequeno Príncipe, foi categórica. Nada deve ser aplicado sem avaliação médica. O único cuidado possível em casa é uma compressa fria para aliviar a dor. E só. O resto é ir para o pronto-atendimento sem perder nenhum minuto.

Por que é tão perigoso para crianças?

Porque o corpo delas é menor e o veneno circula rápido. As reações são mais intensas e os sintomas podem evoluir em poucos minutos. Além disso, muitos pequenos não conseguem explicar o que sentiram ou o que aconteceu. Uma dor forte e repentina já pode ser sinal suficiente para levantar a suspeita.

Como identificar a picada

Mesmo que você não tenha visto o escorpião, alguns sinais são bem típicos: dor muito intensa logo na hora, uma única lesão (diferente de picadas múltiplas de mosquito), vermelhidão e inchaço no local. Se o choro vier do nada, sem batida, sem queda, sem motivo aparente, considere a hipótese, especialmente se sua casa tem quintal, ralos, frestas ou acúmulo de materiais.

Sinais de alerta

Se o veneno começa a se espalhar, alguns sintomas surgem rápido: salivação excessiva, suor intenso, vômitos, tremores, irritabilidade, coração acelerado e dificuldade para respirar. Se isso acontecer, a urgência é ainda maior. Quanto menor a criança, maior o risco de agravamento.

No hospital, se houver sinais de gravidade, a criança recebe o soro antiescorpiônico, que é o único capaz de neutralizar o veneno. Dependendo da intensidade, medicamentos anticonvulsivantes podem ser necessários, porque alguns pequenos apresentam espasmos. Segundo a especialista, quando o atendimento acontece rápido, as chances de recuperação completa são altíssimas. É só não perder tempo.

Em caso de emergência, você pode ligar para o CIATox pelo número 0800 644 6774. Eles orientam a família até a chegada ao hospital.

Como prevenir

Escorpiões adoram lugares escuros, úmidos e cheios de esconderijos. Por isso, alguns cuidados simples fazem grande diferença: manter quintais limpos, vedar ralos e frestas, afastar berços e camas das paredes, sacudir roupas e sapatos antes de usar, não deixar roupas de cama encostarem no chão e evitar acúmulo de folhas, entulho ou restos de obra.

No fim, informação é proteção. E, quando se trata dos nossos filhos, a gente sabe que cada detalhe importa.

 

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