Pinóquio foi criado com madeira e palavras de primeira categoria. Não é à toa que, ainda hoje, prestes a completar 140 anos de lançamento, a obra de Carlo Collodi continua inspirando novos livros e filmes. Só este ano, Roberto Benigni interpreta Gepetto em uma nova versão italiana, e a Disney também está finalizando um remake, com atores, da clássica animação de 1940.
No Brasil, as livrarias trazem em suas prateleiras (físicas ou virtuais) inúmeras versões do Pinóquio, desde livros com o texto integral – como a linda edição da Dimensão –, até releituras diversas, como as duas que comento abaixo.
O livro Pinóquia, escrito e ilustrado por Jean-Claude, nos apresenta ao terceiro boneco que teria sido esculpido pelo mestre Gepetto. Dessa vez, a criatura é uma menina, e, por sinal, bem diferente de seu irmão mais famoso. A garota gosta muito de ler e de aprender. Seu problema é que ela não se enturma muito e não leva o menor jeito para os esportes. Em compensação, é muito esperta e perguntadeira. Será que a Pinóquia é meio prima da nossa Emília?
Pinóquio: o livro das pequenas verdades propõe às crianças – e adultos, claro! – um caminho mais lírico e intimista. Na obra de Collodi uma das questões centrais era a discussão sobre a mentira, que fazia crescer o nariz do garoto. Já no livro de Alexandre Rampazo, a verdade ganha espaço, acompanhada de um questionamento: como sermos verdadeiros nesse mundo? Pinóquio reflete sobre os outros personagens – o grilo, a fada etc – e também se reflete neles. Nesse jogo de (páginas) duplas, como o menino vai se entender, e se aceitar, sem ficar preso ao juízo que os outros fazem dele?
Sobre os autores
PINÓQUIA – Jean-Claude Alphen, paulista, é escritor e ilustrador.
Ficha técnica: Texto e ilustrações de Jean Claude. Editora Melhoramentos, 2017.
PINÓQUIO: O LIVRO DAS PEQUENAS VERDADES – Alexandre Rampazo, paulista, é escritor, ilustrador e designer.
Ficha Técnica: Texto e imagens de Alexandre Rampazo. Editora Boitatá, 2019.