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O choro na primeira infância

Por Telma Vinha e Lívia Maria Ferreira da Silva* – O choro está sempre presente em diversas situações em casa e nas escolas de educação infantil. Muitas vezes, decorrente dos conflitos entre os pequenos, como quando um deles reclama porque o outro pegou o seu brinquedo.
Estudos indicam que essas situações ocorrem, em média, quatro a seis vezes por hora, na primeira infância.
Fome, cansaço e sono são outros motivos que levam as crianças às lágrimas. O mesmo vale para casos de estresses originados por desentendimentos na família ou nascimento do irmão. Aqui, é preciso redobrar a paciência, com atenção, colo e brincadeiras, inclusive, as de faz de conta, que recriam cenas vividas simbolicamente e ajudam o pequeno a lidar com o mundo real.
Por volta dos 2 anos, alguns também sofrem com o aumento do choro e da impulsividade, devido ao desenvolvimento da inteligência que ocorre nessa idade.
Surge a capacidade de representar, porém a expressão do pensamento por meio da linguagem oral ainda é restrita e a criança tem dificuldade de se manifestar.
Ao interagir com as pessoas, o pequeno vivencia conflitos, êxitos e fracassos, que são característicos e necessários ao seu desenvolvimento. Quando ele se sente injustiçado ou frustrado, não é fácil controlar seus impulsos e verbalizar suas ideias. É o início de um longo processo de construção de estratégias mais elaboradas e de autorregulação afetiva, necessitando de intervenções construtivas do adulto para favorecer esse desenvolvimento.
O que não devemos fazer
Ao constatar o choro da criança, deve-se evitar chamá-la de ‘chorona’ ou ‘mimada’, nem usar expressões de rejeição como “lá vem você chorando de novo”.
Pode-se acolhê-la, abaixando-se até a altura dela; acalmá-la, pedindo para que conte o ocorrido; descrevendo o que ela diz ou auxiliando-a a manifestar-se: “Não consigo entender o que está me dizendo”.
Ao ‘traduzir’ os seus sentimentos, o adulto contribui para que ela se sinta compreendida, estimulando-a a falar e a encontrar uma solução. É importante que, com o desenvolvimento, a criança aprenda a identificar seus sentimentos e a expressá-los de forma cada vez mais assertiva.
Na desavença com um amigo, é válido incentivá-la a dizer o que sente ao outro envolvido, mas sem fazer isso por ela: “Por que você não diz ao colega que está chateada com ele? Quer que eu vá com você?”. Para os mais novos, até 4 anos, deve-se ajudá-los: “Diga para ele que você não gostou quando ele pegou seu brinquedo”.
Em síntese, como mediador no processo de resolução de um conflito, o adulto pode encorajar e auxiliar os envolvidos nessa tarefa, ao descrever o problema, sem tomar partido, encorajando-os a refletir sobre o ocorrido e a colocar suas ideias e propostas de solução. Não se trata de conter ou ignorar, mas, sim, de ajudar as crianças na construção do equilíbrio emocional e na capacidade de enfrentamento.
*As autoras:
Telma Vinha é doutora em educação pela Unicamp, professora do departamento de psicologia educacional na mesma instituição e pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem).
Livia Maria Ferreira da Silva é doutora em educação pela Unicamp, com estágio sanduíche na Harvard Graduate School of Education. Coordena o curso de pós-graduação em Convivência Ética, no Instituto Vera Cruz, em São Paulo
Conteúdo publicado originalmente na Canguru Online.
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