Ano passado minha filha mais velha fez 10 anos de idade e eu liberei o TikTok no celular dela – um grande erro, saberia depois. Eu liberei porque achei que poderia acompanhar. Liberei porque eu achei que seria capaz de saber o que ela estava assistindo, porque achei que não tinha nada demais, afinal, “todo mundo” já usa mesmo… enfim. Eu subestimei o poder desse negócio na vida da minha filha.
Na semana passada, nós fomos chamados na escola para conversar sobre o comportamento dela. O que a escola argumentou, no fundo, eu já sabia: o comportamento e as falas dela estavam muito avançados para idade dela, afetando inclusive outros colegas na sala.
Aquilo veio como uma facada no meu peito. Como eu permiti que chegasse a esse ponto? Como eu não atuei antes?
Agora, em conjunto com a mãe, decidimos apertar um pouco as regras, o tempo de tela e o conteúdo que as nossas filhas poderão acessar daqui para frente. Decidimos inclusive, cortar o acesso ao TikTok e estamos incentivando e proporcionando outras formas de lazer, mais offline e menos tempo na frente das telas.
Quando eu digo que eu errei, eu não estou falando apenas do conteúdo ou do tempo que ela passa na frente do celular. Quando eu digo que errei, eu vou um pouco mais longe.
Você sabia que o acesso ao TikTok é permitido apenas para crianças com idade acima de 13 anos? Isso é uma regra do próprio app que, quando eu liberei, eu nem procurei saber. Se minha filha se cadastrou no app, ela teve que mentir a idade para tal e eu, como pai, fui conivente com aquilo.
Como eu posso cobrar certos valores e comportamentos por parte dela, se ela mente a idade para entrar em um app e eu sou conivente com isso? Como eu vou cobrar algo diferente dela no futuro?
Eu penso que a construção do caráter e da qualidade do ser humano que nós estamos criando, passa também por esses pequenos detalhes, que se não forem observados com o devido cuidado, acabam passando batido diante dos nossos próprios olhos.
Portanto, eu quero deixar aqui uma reflexão que vai muito além do tempo de tela e do conteúdo ideal que seu filho pode ou não acessar.
A tecnologia está aí e nós não devemos ignorá-la. Ela faz parte da nossa vida e, principalmente, da vida dos nossos filhos. Nós somos a primeira geração de pais que os filhos já nasceram grudados nas telas e, assim, estamos aprendendo a lidar com tudo isso, numa velocidade, às vezes, acima da nossa capacidade de acompanhamento.
Não subestime o poder que o uso excessivo e inadequado das telas pode exercer sobre a vida dos seus filhos. Se você acredita, que assim, como eu, que errou a mão nesse assunto, a bola está com você. Se tiver que recuar, cortar, voltar atrás, o faça. Não tenha medo de tomar as atitudes que forem necessárias. Atue antes que seja tarde.
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