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Se a criança não cumpre o combinado, deve receber desconto no valor da mesada?
Há alguns dias fiz uma enquete nos stories do meu perfil no Instagram (@meu.dinheiro) buscando a opinião de todos na seguinte questão: quando um de nossos filhos não cumpre uma tarefa doméstica, devemos ou não descontar um valor na mesada? O resultado me surpreendeu. A maioria respondeu que sim. Em números exatos, 66% dos seguidores.
Mas mais surpreendido fiquei quando assisti à palestra de um especialista em finanças e ele mostrou a sua ideia para gerenciamento das mesadas dos filhos: o comportômetro. Nele, as responsabilidades diárias não cumpridas pelos filhos significam descontos no valor da semanada e ajudas extras significam acréscimos nela.
Minha opinião caminha na direção contrária. Eu e muitos outros especialistas que trabalham com Educação Financeira para crianças acreditamos que essa prática pode ser um erro. No processo de educar nossos filhos muitos aspectos devem ser observados. Uma das questões importantes é ensiná-los que muitas coisas precisam ser feitas, pois têm de ser feitas. Algumas tarefas devem ser realizadas pelos combinados de cada comunidade. E uma família é uma comunidade, com suas regras de convivência.
A mesada por sua vez é uma ferramenta de Educação Financeira. Uma mesada deve ter como função principal permitir à criança lidar com alguns conceitos importantes para sua a vida financeira: escolhas de consumo para o seu dinheiro, definição de um orçamento e hábito da poupança. Ou seja, os objetivos estão limitados ao comportamento financeiro da criança.
Leia também: Veja 10 dicas dos especialistas para educar seu filho financeiramente
Ao vincularmos atividades cotidianas das crianças à mesada, corremos dois riscos. O primeiro deles é criar uma criança com espírito mercenário. E o que é isso? Quem só faz as coisas se tiver uma recompensa financeira. Ao punir ou recompensar financeiramente o filho em relação às suas obrigações domésticas, os pais podem passar a impressão de que todas as
nossas tarefas são remuneradas. E muito do que fazemos em nossa vida não é pela remuneração e sim pelo bom convívio social.
Se um menino tem de arrumar a sua cama, não é para ganhar uma mesada maior ou menor, e sim para ajudar na organização da casa. Podem estar surgindo crianças mercenárias, cujas ações são guiadas por recompensas materiais. E sabemos como esse comportamento poderá ser prejudicial no futuro deles.
O segundo risco é dar a possibilidade de minha filha, por exemplo, ao invés de arrumar seu quarto preferir ter um desconto em sua mesada. Quem então irá arrumar o quarto e cumprir o combinado dessa família?
Aqui em casa, caso meus filhos não queiram cumprir suas tarefas, haverá uma punição, mas não na mesada. Se a Maria Eduarda não quiser arrumar sua cama, ela ficará, por exemplo, sem poder utilizar o computador ou o telefone por algum período. E aí na sua casa, como funciona? Qual é a sua opinião?
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Canguru News.
Leia também: 6 formas de ensinar as crianças a guardarem dinheiro
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Carlos Eduardo Costa
Carlos Eduardo Freitas Costa é pai de Maria Eduarda e do João Pedro. Tem formação em ciências econômicas pela UFMG, especialização em marketing e em finanças empresariais e mestrado em administração. É autor de diversos livros sobre educação financeira para adultos e crianças, entre os quais: 'No trabalho do papai' e 'No supermercado', além da coleção 'Meu Dinheirinho'. Saiba mais em @meu.dinheiro
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