No domingo, 19, o TikTok ficou fora do ar por quase 13 horas. Embora tenha voltado a funcionar, a proibição gerou um debate sobre o funcionamento de empresas estrangeiras no país e questões de segurança nacional e coleta de dados como idade e número de telefone de seus 170 milhões de usuários no país, muitos dos quais são crianças.
A idade mínima para uso da rede social é de 13 anos, de acordo com os termos do TikTok, porém, diversos usuários abaixo dessa idade não informam a data de nascimento correta para poder utilizar o serviço.
Uma nova pesquisa mostrou que cerca de seis a cada dez crianças (63,8%) com 11 e 12 anos de idade usam o TikTok e outras mídias sociais. O estudo, publicado neste mês de janeiro na Academic Pediatrics, usou dados de um grande levantamento nacional em andamento chamado Estudo de Desenvolvimento Cognitivo do Cérebro Adolescente (ABCD), que conta com uma amostra de 10.092 crianças de 11 a 15 anos.
Perfil das crianças de 11 e 12 anos que usam o TikTok, segundo a nova pesquisa:
- 63,8% relataram usar mídias sociais;
- Elas têm, em média, 3,38 contas nas redes sociais;
- O TikTok é a plataforma mais popular entre as crianças, seguida do Instagram e Snapchat;
- 5,4% disseram que suas contas nas redes sociais eram secretas para seus pais.
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O grupo de pesquisadores, liderado por Jason Nagata, pediatra da Universidade de São Francisco, na Califórnia, ressalta que, ao avaliar a permissão do Tiktok no país, os legisladores devem se ater não só à questão de segurança nacional, mas também quanto aos riscos à saúde e ao bem-estar das crianças.
A investigação aponta os impactos negativos na saúde física e mental dos adolescentes, usando como base o estudo ABCD, que mostrou uma associação a sono ruim, uso de bebidas alcoólicas, cyberbullying e transtornos alimentares.
“Embora vários benefícios das mídias sociais tenham sido identificados, incluindo acesso a informações e suporte de colegas, o acesso não regulamentado às mídias sociais pode expor o público jovem a conteúdo prejudicial ou inapropriado”, destaca o estudo intitulado “Prevalência e padrões de uso de mídia social em pré-adolescentes”, em tradução livre.
“Dados esses riscos, investigações atualizadas sobre a prevalência do uso de mídias sociais por tipo de plataforma, particularmente entre usuários menores de idade, ajudariam a informar políticas regulatórias e de saúde pública”, ressalta a investigação.
Dificuldade em parar de usar
Em um estudo anterior, Nagata descobriu que o uso problemático de mídias sociais entre crianças incluía elementos de dependência, como a incapacidade de parar apesar de tentar, abstinência, tolerância, conflito e recaída.
No estudo atual, 25% das crianças com contas em mídias sociais relataram pensar frequentemente em aplicativos de mídias sociais, e 25% disseram que usam os aplicativos para esquecer seus problemas; 17% tentaram usar menos as mídias sociais, mas não conseguiram; e 11% disseram que usar muito as mídias sociais prejudicou seu desempenho escolar.