Os sentimentos podem ser difíceis de lidar, mesmo para os adultos. Por isso, é importante trabalhar a comunicação emocional desde a infância. Os livros infantis podem ser um caminho lúdico de abordar um tema tão complexo como as emoções com os pequenos. “Precisamos ler nossas ações e expressões, aprender a ler ritmos e tempos, aprender a ler exageros e detalhes”, aponta Deyse Campos, psicopedagoga e consultora pedagógica da Escola Interpares, em Curitiba (PR).
Para Bruna Richter, psicóloga e escritora do Rio de Janeiro, os livros são aliados para entender as emoções. Ela já escreveu diversas obras infantis que retratam o assunto. “Os livros falam sobre a importância de poder conversar abertamente sobre qualquer tipo de sentimento, que precisa ser vivido, escutado e acolhido”, diz. As especialistas selecionaram indicações de livros infantis para falar sobre as emoções com as crianças. Confira!
A bolsa amarela
O livro de Lygia Bojunga é considerado um “clássico” da literatura infanto-juvenil, recomendado por Deyse Campos. É o romance de uma menina que entra em conflito consigo mesma e com a família ao reprimir três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela): a vontade de crescer, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. A partir dessa revelação, o leitor acompanha o seu dia-a-dia, juntando o mundo real da família ao mundo criado pela sua imaginação, povoado de amigos secretos e fantasias. Ao mesmo tempo que se sucedem episódios reais e fantásticos, uma aventura espiritual se processa, e a personagem segue rumo à sua afirmação como pessoa. Muito bem aclamada pela crítica, a obra recebeu o selo de ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, dado anualmente ao livro considerado “o melhor para a criança”.
A dúvida de Luca sobre o medo
Neste livro, Bruna Richter traz à vida o personagem Luca que, como tantas outras crianças, deseja entender mais sobre as emoções, mas principalmente sobre o medo. Conversando com sua mãe e compartilhando o que lhe assusta, percebe que esse sentimento ajuda a protegê-lo do mal. Ao falar sobre os seus sentimentos, reconhece também que existe nele muita coragem para enfrentar os desafios que aparecem pelo caminho.
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A história do leão que não sabia escrever
Para Deyse Campos, a obra de Martin Baltscheit traz uma metáfora muito interessante para discutir a importância de falar sobre os seus sentimentos. O personagem principal do livro, o leão, não sabia escrever. Mas isso não o atrapalhava, pois ele sabia rugir e mostrar os dentes, não precisava de mais nada. Mas, um dia, ele encontrou uma leoa e passou a depender dos outros para trocar cartas de amor com ela. Então, o leão percebeu que saber rugir não bastava.
A Noite de Nina sobre a solidão
Esta obra pode ser interessante para ler com as crianças durante a pandemia, já que, com o isolamento social, a solidão é um sentimento ainda mais presente. Também de autoria de Bruna Richter, a protagonista Nina se sente desconfortável em seus momentos de solidão. Em uma noite inesperada, repleta de pensamentos, memórias e muita criatividade, ela se surpreende ao descobrir que estar sozinha é uma oportunidade para se conhecer melhor. De repente, Nina já não se sente tão só.
O príncipe sem sonhos
Indicado por Deyse Campos, o livro de Mariana Massarani e Márcio Vassallo traz Thiago, um príncipe que tinha tudo. O rei e a rainha davam-lhe todos os presentes que ele poderia ou não imaginar e desejar. Mas havia uma grande tristeza no coração de Thiago: ele queria ter um sonho. Para isso, ele vai pedir conselhos ao avô e descobre que o sonho está adormecido dentro dele, basta despertá-lo.
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A música de dentro sobre a tristeza
A indicação de Bruna Richter retrata Eric, uma criança que vivia sorrindo, sem vontade de chorar. Porém, após o dia em que teve seu primeiro pesadelo, nada mais parece agradá-lo. Depois de muitas tentativas de se animar novamente junto ao seu pai, ele decide aceitar seu momento de tristeza e descobre que todos os sentimentos são importantes.
Dicionário Ilustrado de Sentimentos
Deyse Campos indica a obra de Fernanda Salgueiro, que conta com uma ilustração para cada sentimento. As imagens se complementam em um fio condutor para que os pequenos leitores percebam como os sentimentos estão presentes no dia a dia. Assim, cada página pode ser um momento de descoberta e observação. Estão presentes novas palavras ditas pelas crianças, como “bugado” e “zoado”, e novas interpretações para sentimentos, como “nada” e “alívio”.
A casa que vendia elefante
Para finalizar, Deyse Campos sugere um livro que marcou a estreia da renomada escritora brasileira Livia Garcia-Roza na literatura infantil. A narrativa conta a história de uma menina que deseja um presente inusitado: um elefante! Os pequenos vão se divertir com o desenrolar desta aventura.
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