Artigos
Dois livros sobre galos e seus cantos
O canto do galo é um símbolo forte: pode representar o dia que nasce, claro, mas também o incômodo, a voz que não se cala, a importância de marcar posição. Não é à toa que Chico Buarque, em uma de suas canções mais emblemáticas dos anos 1970,
“Apesar de você”, emplacou o inesquecível verso contra a censura e o arbítrio: “como vai proibir, quando o galo insistir em cantar…”
A literatura infantil não deixou passar batida a imagem tão poderosa e sugestiva do canto do galo. Destaco, este mês, dois livros que abordam o tema, sendo um lançamento e um já clássico.
Sylvia Orthof, nossa grande mestra do humor e da crítica social para crianças, lançou “Galo, galo, não me calo”, em 1992, com ilustrações do também saudoso Cláudio Martins. O galo da história, morador de uma grande cidade, adorava fazer o que melhor sabia: soltar o gogó a cada manhã, em homenagem ao sol. Porém a vizinhança, impaciente e irritada com a cantoria, une-se para protestar e para encontrar um jeito de esconder do galo o sol. Leia para descobrir como o galo vai se safar dessa.
O outro livro, “O galo que não cantava”, foi lançado em 2020. É a história da menina Guadalupe, que certo dia cai na tristeza quando o galo, sem nenhuma explicação, decide parar de cantar. O silêncio repentino cala fundo no coração da garota, que não consegue entender aquela perda, muito menos uma outra que a atormentava: a partida do pai. O texto de Ana Rapha Nunes é delicado e repleto de referências a obras importantes da literatura para crianças.
Ficha Técnica:
GALO, GALO, NÃO ME CALO. Texto de Sylvia Orthof, ilustrações de Claudio Martins. Editora Formato, 1992.
O GALO QUE NÃO CANTAVA. Texto de Ana Rapha Nunes, imagens de Paula Kranz. Elo Editora, 2020.
Sobre os autores:
Sylvia Orthof, carioca, foi uma das principais autoras da literatura infantojuvenil brasileira, com mais de 100 obras publicadas.
Cláudio Martins foi um escritor, ilustrador e fotógrafo mineiro.
Ana Rapha Nunes, carioca radicada no Paraná, é professora e escritora, com obras premiadas no Brasil e no exterior.
Paula Kranz, paranaense, é ilustradora de livros infantis.
Leia também: 8 livros infantis para falar com as crianças sobre as emoções
[mc4wp_form id=”26137″]
Leo Cunha
O escritor Leo Cunha publicou mais de 70 livros, como "Um dia, um rio" (Ed. Pulo do Gato), "O que é preciso pra ser rei?" (Ed. Pequena Zahar), “Infinitos” (Ed. Melhoramentos) e "A grande convenção dos sapos" (Ed. Globo). Sua obra recebeu os principais prêmios da literatura infantil brasileira, como Jabuti, Nestlé, FNLIJ, Biblioteca Nacional e João-de-Barro. É também jornalista, tradutor e professor universitário.
VER PERFILAviso de conteúdo
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.
Veja Também
Gripe K e H3N2: o que os pais precisam saber sobre a “nova gripe” que acendeu alerta no mundo
Variante do Influenza já tem primeiro caso identificado no Brasil. Segundo especialistas, a vacinação continua sendo a principal proteção para...
Por que o refluxo atinge quase todas as gestantes (e o que realmente vale a pena fazer)?
Alterações hormonais e o crescimento do útero aumentam o risco de azia e regurgitação. Gastroenterologista ensina medidas simples — e...
Entrada, prato e sobremesa: 3 receitas práticas para facilitar o Natal
A palavra do fim de ano é “simplificar”. Que tal começar pela ceia?
Por que as festas de fim de ano são tão difíceis para crianças com seletividade alimentar (e como ajudar de verdade)
Pratos desconhecidos, aromas novos e comentários de familiares podem transformar a ceia em um enorme desafio emocional para crianças seletivas....






