Apostando na nostalgia e simplicidade dos games retrô, o carioca Bernardo Barreiros Fialho, de 15 anos, desenvolveu o jogo eletrônico Retrold inteiramente sozinho. Com apenas 11 anos, já começou a elaborar a ideia do seu game. “Eu estava jogando com o meu pai um jogo chamado ‘Streets of Rage’ e vi que ele era bem pior que eu no jogo. Então, eu percebi que todo videogame que eu jogo online junto com alguém sempre tem uma pessoa que é mais experiente, que vai acabar ‘carregando’ o jogo”, conta o menino. Por isso, decidiu criar um jogo para todas as idades em que veteranos e iniciantes conseguem jogar juntos no mesmo nível.
Em somente dois meses, Bernardo criou uma coletânea de jogos inspirados nos games clássicos dos anos 70, 80 e 90, que são desbloqueados aos poucos pelos jogadores. “O Retrold homenageia games antigos que fizeram sucesso no passado. O maior diferencial é poder relembrar esses jogos mostrando aos mais jovens como são divertidos, mesmo sendo bem mais simples que os atuais”, aponta Rodrigo Fialho, pai de Bernardo, que falou com a Canguru News por e-mail.
Para o garoto, a sensação de alcançar este grande feito foi extremamente gratificante. “Eu imaginei que ia lançar o Retrold para jogar um pouco com os meus amigos e pronto, mas acabou que muita gente falou comigo e elogiou o jogo. Eu fiquei muito feliz, porque eu fiz algo em dois meses sozinho em um quarto e as pessoas realmente gostaram”, relata. Seu pai também não esconde o orgulho da conquista do filho: “Tenho um sentimento de muita satisfação e a certeza de que um futuro brilhante o espera”.
A recepção do jogo tem sido muito positiva, contando com mais de 120 downloads não só no Brasil, como também na Argentina e nos Estados Unidos. A sua ideia de proporcionar momentos em família entre as diferentes gerações tem sido um sucesso de acordo com os relatos dos seus colegas. “Eu achei legal que amigos meus falaram que jogaram com os familiares deles, porque eles tiveram um momento com a família que vão acabar lembrando por causa de um jogo que eu fiz”, completa Bernardo.
LEIA TAMBÉM
O processo de criação
“Bernardo gosta de games desde muito pequeno. Lembro que ele sempre teve muita facilidade para qualquer tipo de game eletrônico. Aos 8 anos, o Bê criou um canal no Youtube, onde publicava pequenos vídeos, contendo várias imagens quadro a quadro, fazendo cenas de bonecos Lego em movimento. Eu e a mãe dele ficávamos encantados! Tamanha paciência que ele tinha para montar essas cenas”, lembra Rodrigo. Segundo o pai, por volta dos 12 anos, Bernardo despertou o interesse em desenvolvimento de jogos. Logo em seguida, entrou em um curso de programação da escola Happy Code e ficou maravilhado com a possibilidade de criar seu próprio jogo.
“O processo de produção foi bem organizado. Eu utilizei muito o meu tempo livre para fazer os esboços e a programação inteira”, explica Bernardo. O adolescente utilizou várias plataformas e softwares para a criação de cada parte do game. Para terminar o Retrold, ele levou cerca de dois meses, dos quais 200 horas foram destinadas apenas aos testes do jogo. “A parte de música e efeitos sonoros eu nunca tinha feito na vida. Então, eu tive que ir aprendendo muita coisa de forma autodidata, eu evolui muito em pouco tempo. O Bernardo de depois do jogo é bem diferente do de antes, o processo foi bem de aprendizagem”, diz.
A iniciativa ajudou o jovem a desenvolver mais suas habilidades comunicacionais, a sua criatividade e a compreender melhor o mercado dos games. “Quando a gente trabalha com qualquer coisa tão cedo assim, aprendemos e evoluímos bastante”, acrescenta Bernardo. Para Rodrigo, todo processo trouxe importantes ensinamentos sobre compromisso e determinação. “É fantástico acompanhar seu filho no desenvolvimento de algo criativo e que demanda aprendizado técnico”, conta o pai.
Renovando os clássicos
A ideia original era produzir apenas uma coletânea de games inspirados em jogos retrô, como Pong, Space Invaders e Pac-Man. No entanto, Bernardo decidiu trazer alguns diferenciais para a sua versão. “Eu fiz uma pequena historinha com o personagem dentro do arcade em que a pessoa vai desbloqueando os jogos aos poucos. Você começa só com o Pong, aí com os pontos que você conseguir, você ganha tickets e pode ir desbloqueando jogos na ordem que você quiser”, explica o jovem.
Ele criou tanto o modo single player, quanto o multiplayer. Assim, é possível jogar com os amigos, estando eles presentes ou não, apenas com o uso das setas, ou jogar sozinho. Também existe a possibilidade de escolher entre jogar com o “mocinho” ou o “vilão” da partida em alguns games. “A pessoa acaba dando uma viajada pela história da evolução desses jogos, porque eles são bem parecidos e inspirados nos antigos. A pessoa se sente dentro daquele mundo. Não é só uma coletânea de jogos, é toda uma experiência”, relata Bernardo.
O jogo Retrold está disponível na plataforma Steam, por R$ 2,00. Bernardo também está planejando lançar outros games futuramente, mas pretende esperar passar o Enem.
Link para download: https://store.steampowered.com/agecheck/app/1683890/?l=portuguese
LEIA TAMBÉM