O estresse crônico causado pela pandemia do novo coronavírus em gestantes pode levar ao nascimento de bebês menores e abaixo do peso. É o que diz um artigo elaborado pelos pesquisadores Barry Bogin, da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, e Carlos Varea, da Universidade Autónoma de Madrid, na Espanha. Para chegar a essa conclusão, os dois professores analisaram 8 estudos anteriores que envolveram 8200 gestantes e mais de um milhão de bebês.
Segundo os pesquisadores, há uma significante ligação entre um menor peso dos bebês ao nascer e o estresse durante a gravidez. Bebês que nascem com peso menor podem ter problemas a longo prazo – estudos associam a condição a baixo rendimento escolar, problemas psicológicos, infecções, excesso de peso na idade adulta, diabetes, doenças do coração e morte precoce.
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Um dos estudos analisados pelos autores do artigo identificou uma diminuição no peso dos bebês nascidos na Espanha entre 2008 e 2014, devido à crise financeira enfrentada pelo país. Outro estudo avaliou bebês de mulheres que foram expostas de alguma forma aos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, constatando diminuição no peso de bebês que nasceram até dois anos depois do evento.
A gravidez é um momento especial, mas que já vem acompanhado de inseguranças. Estar grávida em meio a uma pandemia pode ser ainda mais estressante. Preocupações com a situação financeira, de moradia, medo de perder o emprego e problemas familiares são situações que levam ao estresse crônico – e que tendem a piorar em meio à pandemia do novo coronavírus. De acordo com os dois pesquisadores, “o medo da doença se espalha tão rápido e profundamente quanto a própria doença”.
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“O medo permeia todos os níveis da sociedade e causa estresse emocional. O estresse emocional crônico – que vem de uma insegurança que dura meses ou anos – tem impactos biológicos nas pessoas”, afirmam os autores do artigo.
Os pesquisadores consideraram “estresse crônico” os sentimentos de insegurança e preocupação que duram por um período prolongado. De acordo com eles, o estresse crônico causa mudanças biológicas no corpo humano, alterando os níveis hormonais e o comportamento celular. Eles apontam, no entanto, que o impacto observado nos bebês pode também ser devido a ações indiretas da mãe, como má alimentação, vícios como fumar e ausência de acompanhamento pré-natal.
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Para os autores, “vai levar duas ou mais gerações” para se entender exatamente como o estresse devido à pandemia de Covid-19 afetará os bebês que virão. O artigo será publicado na edição de setembro da revista acadêmica American Journal of Human Biology.
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