A escoliose pode surgir em crianças durante o estirão do crescimento que ocorre na puberdade, sendo a do tipo idiopática a mais frequente nessa faixa etária, afetando mais de 50 milhões de pacientes ao redor do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Normalmente, os casos mais graves costumam aparecer nas mulheres, e sua evolução irá variar conforme cada jovem.
Entre os sintomas típicos dessa dor cervical que podem ser notados nas crianças e adolescentes, estão a assimetria da região das costas, dos ombros, da costela (a qual pode ser claramente observada de frente), o que provoca dores e desconfortos que podem se agravar dependendo da época na qual ela for identificada, explica o cirurgião ortopedista Carlos Eduardo Barsotti.
Ele diz que não há uma causa específica para a escoliose idiopática, e ressalta que quanto maior a demora no diagnóstico, maior a probabilidade de desenvolver sintomas graves. “Por isso, é essencial que haja um acompanhamento periódico com profissionais de saúde para identificar a condição em seus estágios iniciais e, assim, implementar os métodos de tratamento mais adequados, conforme cada caso”, destaca.
LEIA TAMBÉM:
Nas situações em que a curvatura da coluna é inferior a 45 graus e se mostra propensa a piorar, o médico diz que o uso do colete ortopédico é indicado, o que pode evitar as cirurgias em até 75% dos casos. Contudo, a adaptação ao colete pode ser um verdadeiro desafio físico e emocional para o adolescente, que sofre preconceito e mesmo bullying dos amigos.
“O colete para escoliose precisa ser usado por, pelo menos, 17 horas diárias para que surta o efeito desejado, retirando apenas ao tomar banho e realizar qualquer tipo de esporte. E, aqui, os pais precisam prestar todo o apoio necessário durante esta fase, incentivando o filho ao longo do tratamento e fornecendo toda a ajuda necessária para que consiga lidar com este momento tão delicado. Principalmente, considerando que muitos são discriminados pela inevitável mudança física que a escoliose causa”, aponta o cirurgião ortopedista.
As queixas frequentes dos filhos devido aos desafios pelo uso do colete também costumam gerar um sentimento de culpa nos adultos, por terem identificado a patologia já em estado mais avançado em seus filhos. Entretanto, isso não precisa ser motivo de preocupação.
“Existem muitos modelos de colete confortáveis e que se moldam ao corpo do paciente, evitando sobras ou que apareçam por fora da roupa – assim como é visto no colete 3D. Dessa forma, além de elevar sua aceitação de uso, os relatos de bullying podem diminuir significativamente”, afirma Carlos Eduardo.
Além do colete, o tratamento ainda inclui fisioterapia específica integrada, juntamente com exercícios que podem melhorar a força, flexibilidade e postura do jovem, criando uma abordagem de tratamento mais holística para a escoliose idiopática.
O médico ressalta a importância do apoio da família, dos amigos, da equipe médica e das escolas nesse processo, a partir de ações efetivas que envolvam todos em uma maior conscientização sobre o problema. “Apenas assim, o paciente se sentirá seguro e confortável ao longo desta jornada, tendo compreensão, paciência e suporte psicossocial para a melhora de sua coluna”, conclui.