É um equívoco supor que empreendedorismo seja um tema que se aprenda da mesma forma que história, matemática, línguas. Ele está ligado à cultura, aos hábitos, crenças, tradições de um grupo de pessoas. No Brasil, a cultura conspira contra os jovens que desejam abrir uma empresa.
Dou um exemplo. No final dos meus cursos de empreendedorismo, organizo uma cerimônia a que chamo de Júri. É um momento mágico, em que alunos apresentam seus projetos de empresas, cujo objetivo é transformar o conhecimento que adquiriram na universidade em riqueza para a sociedade. Na cerimônia comparecem pessoas de todos os matizes: empresários, investidores, professores, jornalistas, estudantes. E também a família dos alunos, principalmente as mães, que não perderiam a oportunidade de ver o brilho dos filhos. Todos sempre ficam maravilhados.
Um belo dia, ao final de um desses eventos, uma das mães me abordou angustiada. Foi direta e sincera, como só as mães sabem ser:
– Professor, não foi fácil nem barato preparar o meu filho para entrar em uma universidade de primeira linha.
Para o meu desgosto, ela esbravejou:
– Descobri hoje que a universidade estimulou o meu filho a abrir uma empresa, uma atividade de risco, em que ele pode perder dinheiro.
E perguntou em tom acusatório:
– O meu filho deveria ter sido preparado para um bom emprego. Por que inventaram essa história de abrir empresa logo na nossa vez?
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