Quando se fala na “educação brasileira”, o que vem à sua mente? Há quem pense nos maus resultados no Pisa, o teste internacional aplicado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Sim, a percepção de que os alunos brasileiros aprendem menos do que deveriam é generalizada e tem respaldo também no fraco desempenho de tantas escolas e redes de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb.
Para muita gente, falar em “educação brasileira” há de evocar o esforço abnegado dos professores, esses profissionais em geral mal remunerados, que sofrem na pele as consequências dos desmandos de muitos governantes de plantão.
A lista certamente é longa. E, seja o que for que a expressão “educação brasileira” desperte em você, é provável que todos nós tenhamos a convicção de que ensino de qualidade é o melhor caminho para corrigir desigualdades, permitir mobilidade social e desenvolver o país.
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Por mais verdadeira que nossa imagem da “educação brasileira” possa ser, o fato é que não existe apenas “uma” educação brasileira. No dia a dia de milhares de escolas espalhadas por todo o território nacional, o que se movimenta é uma gigantesca e diversificada engrenagem − que, para funcionar bem, requer a articulação e a coordenação de uma infinidade de agentes.
No próximo dia 15 de novembro, quando os futuros prefeitos e vereadores forem eleitos, estaremos definindo quem vai tomar conta, pelos quatro anos seguintes, de uma enorme parte dessa engrenagem. No caso da educação, as 5.568 redes municipais de ensino respondem por 68% das matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental, 76% nas pré-escolas e 65% nas creches, conforme a Sinopse Estatística da Educação Básica de 2019, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Não resta dúvida de que o sucesso das políticas educacionais precisa envolver as prefeituras.
Não resta dúvida de que o sucesso das políticas educacionais precisa envolver as prefeituras. Isso é especialmente verdadeiro nos casos da educação infantil (creches e pré-escolas) e dos anos iniciais do ensino fundamental, fase em que as crianças aprendem a ler e a escrever.
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Daí a preocupação de que os futuros prefeitos estejam não só atentos às necessidades do universo infantil, como tenham também informações e conhecimento para executar ações focadas nas crianças. Pensando nisso, a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal criou a plataforma Primeira Infância Primeiro, um site com dados, por município, sobre diferentes temas ligados ao desenvolvimento infantil.
A fundação listou nove recomendações aos candidatos. Entre elas, a ampliação de vagas nas creches e a garantia de atendimento nas pré-escolas para todos os meninos e meninas da cidade − em todo o país, cerca de 300 mil crianças de 4 e 5 anos estão fora da escola. “Nos 6 primeiros anos de vida se formam 90% das conexões cerebrais e mais da metade dessa janela de oportunidade acontece em um único mandato. Precisamos agir agora pelas crianças”, escreveu Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em uma carta pública aos candidatos de 2020.
Que o voto de cada eleitor ajude a formar uma nova geração de brasileiros e brasileiras com mais oportunidades e com acesso ao que o país tem de melhor.
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