Não existe criatividade na repetição da pergunta “o que você vai ser quando crescer?”. Nem sequer ensinamento sobre sonhar. Pelo contrário. O questionamento está carregado de um milhão de expectativas e caminhos predefinidos sobre o que é “ser alguém na vida”. Quem diz isso é a psicóloga e arte-educadora Bianca Solléro, autora do livro “Pare de perguntar o que seu filho vai ser”, título do selo “Filhos Melhores para o Mundo”.
“O século 21 com sua aceleração exponencial fez transformar-se em hábito essa insistente projeção para o futuro, com a qual perdemos a oportunidade de viver a infância como ela deve ser”, escreve Bianca. Sua obra é um convite para um reposicionamento dos pais perante os filhos. “É preciso educar para o presente”, diz ela.
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A proposta da autora é a acomodar a infância e as relações familiares de uma mais leve e criativa – no mesmo tempo que opera o louco cenário em que estamos todos inseridos, mas não com a mesma velocidade. “A infância não é lugar de ver o que falta, mas sim de ver o tem”, define Bianca.
Convidada a escrever a orelha do livro de Bianca Solléro, a aclamada escritora Cris Guerra (autora de “Para Francisco” e “Mãe”, entre outras obras) diz que Bianca “desensina” como ninguém. É fato. Ao longo de quase 100 páginas, ela mostra aos leitores que educar um filho é se abrir para a desconstrução. Tanto quanto as crianças, que estão em constante transformação, os pais precisam se transformar. Precisam estar abertos a desaprender – mais até do que aprender.