Drauzio Varella: ‘Mães, vocês precisam achar um jeito de se exercitarem’

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    Drauzio encantou a plateia | Gustavo Andrade
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    Por Sabrina Abreu

    Apesar de ter diante de si uma plateia com mais de 1 000 pessoas, Drauzio Varella parecia se comunicar em particular com cada mulher presente. A voz calma e o carisma conhecidos de suas participações na TV deram o tom da palestra. Ele discorreu sobre problemas conhecidos de quase todas as mães: sobrecarga de trabalho com os filhos, a família, a casa e a carreira.

    Mas como quem cuida das crianças, dos pais idosos e de tanta gente pode cuidar de si? O médico reconheceu a dificuldade de as mulheres olharem para a própria saúde. Mas, sem meias-palavras, chamou atenção para os problemas que elas poderão enfrentar caso não abram um espaço na agenda para si mesmas. Citou o diabetes e a pressão alta, fazendo uma ligação entre esses males e o estilo de vida ultra-atribulado e sedentário.Drauzio mostrou empatia pelas mulheres que se desdobram em tantos afazeres e ainda sentem culpa por não ser perfeitas. E criticou, mais de uma vez, homens que, como pais ou maridos, não dividem as tarefas. “Tenho muitas amigas que dizem ‘meu marido me ajuda tanto’. Mas nunca vi um amigo dizer ‘minha mulher me dá tanta força em casa’.” A divisão das tarefas, ele argumenta, é obrigação de ambos, e não um favor.

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    Contra essas e outras doenças, ele (que é maratonista e acorda às 5 horas da manhã para correr) receitou exercícios físicos. E disciplina militar para manter o corpo em movimento. “Não quero saber como você vai fazer para se exercitar. Isso é problema seu”, frisou.

    Apesar de não se identificar como feminista, Drauzio recheou seu discurso com várias menções à desigualdade de gêneros. Lembrou que, em geral, são as filhas, e não os filhos, que cuidam dos pais quando eles ficam doentes. E que as esposas, filhas e mães de penitenciários não abandonam seus homens, enquanto nas casas de detenção feminina a fila de visitas é bem mais curta. “Vocês, da plateia, tentem não ser presas, porque, se acontecer, vão ser abandonadas pelos maridos e namorados”, disse, num misto de brincadeira e ironia.

    A relação íntima do médico com a realidade prisional do país remonta a 1989, quando ele começou a fazer trabalho voluntário na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru, e, há mais de uma década, na Penitenciária Feminina da Capital, também em São Paulo. Suas visitas a esses espaços renderam três livros: Prisioneiras, lançado no mês passado, Carceireiros (2012) e Estação Carandiru (1999), todos pela Companhia das Letras.

    Transitando com desenvoltura por diferentes círculos sociais, Drauzio compartilhou com o público o que vê de comum entre mulheres com passados tão distintos: o fato de serem, em suas palavras, “aprisionadas pela sociedade”, que lhes cobra tanto. O médico fez um chamado libertador contra o perfeccionismo e a culpa. A plateia agradeceu se emocionando, rindo, aplaudindo e, ao final, cantando parabéns para o palestrante, que poucos dias antes havia completado 74 anos.

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