Por Rafaela Matias
A servidora pública Miriam Passos fez como manda o protocolo na hora de escolher a escola da filha mais velha, Marina, hoje com 8 anos. Pesquisou entre as opções disponíveis, pediu indicações e matriculou a menina naquela que oferecia melhor infraestrutura e coerência com os princípios da família.
Depois disso, veio uma decisão bem menos impactante: a escolha do transporte escolar. Como ela e o esposo não poderiam se deslocar diariamente da sua casa, no Gutierrez, para levar a criança à escola, no bairro Santa Lúcia, procuraram por uma van que fizesse o trajeto. Acharam com facilidade e, por meio de um acordo verbal, combinaram o valor (cerca de R$ 200) e os horários de ida e volta. “O veículo era bom, usavam cinto de segurança, tinha acompanhante e deixavam as crianças dentro da escola. Durante seis meses correu tudo bem, e eu estava tranquila com a escolha”, conta.
Um dia, porém, um acidente mudou os rumos da história. Era uma tarde chuvosa e embora a casa de Miriam fosse em uma rua plana, o escolar parou um pouco à frente, em um morro. A ajudante, de rasteirinha, escorregou na hora de descer Marina – na época com 4 anos – da van e caiu por cima da menina. A pressão abdominal comprimiu o rim de Marina e machucou o órgão. Ela passou dois dias internada urinando sangue, precisou passar por uma série de exames e fazer acompanhamento com um urologista. Felizmente, a lesão era reversível e não deixou sequelas, mas, como observou a mãe, “tudo poderia ter sido evitado se a acompanhante usasse calçados que facilitassem a tarefa e, especialmente, se o escolar tivesse deixado a pequena na porta de casa”. Hoje, Miriam acredita que tão importante quanto pesquisar a instituição de ensino é escolher bem o transporte escolar que levará o pequeno até lá.
A afirmação pode ser comprovada em números. As crianças chegam a ficar 3 horas por dia dentro da van ou do ônibus, considerando os trajetos de ida e volta – não é muito menos que a média de 5 horas em sala de aula. Por isso, é importante que os profissionais responsáveis pelo veículo também tenham compromisso com a segurança e com a educação. Outro dado alarmante é o de multas aplicadas em 2016 pela BHTrans, que fiscaliza o serviço na capital, para escolares que descumpriram as normas exigidas (veja no infográfico): 556 registros.
Se somadas ao número de multas por excesso de velocidade e outras infrações de trânsito, a taxa é ainda maior. Mesmo assim, os transportes escolares ainda são boas opções para os pais que trabalham o dia todo, desde que haja um olhar cuidadoso na hora de fazer a escolha.