‘Crianças que falam pouco para a faixa etária recebem estímulos insuficientes’

Leia o artigo da fonoaudióloga Vitória Régia Tolentino Brandão na #Canguru.

Por Vitória Régia Tolentino Brandão

Nossos sentidos, audição, tato, visão, paladar e olfato, estão intimamente relacionados ao desenvolvimento de fala e linguagem das crianças. Por isso, os pais precisam incentivar seus filhotes a irem aos famosos parquinhos, praças e bosques, que são verdadeiras escolas nas experiências sensoriais: descer no escorregador, escutar barulhos e sentir cheiros diferentes, brincar na areia, pular, ver cores e formatos diversos. Ou seja, colocar as crianças em contato com o mundo das sensações pode valer mais que qualquer abordagem dentro de casa e dá a oportunidade ao pequeno para falar a valer e entender melhor o mundo.

Algumas crianças que falam pouco, na verdade, estão inseridas em um contexto de privação sensorial ou estímulos insuficientes: muitas vezes têm recursos eletrônicos como tablet, smartphone e televisão, ficam muitas horas dentro de casa e não fazem passeios recorrentes para sentir e observar o mundo lá fora, a luz, o calor, a alegria, a oportunidade de criar e manter vínculos, além da riqueza de experimentar texturas, diferentes desafios corporais e sentir-se, literalmente falando.  Ao afastar os pequenos das atividades citadas, podemos observar a fala escassa, dificuldades na linguagem expressiva e alterações fonéticas incompatíveis com a idade cronológica. O que pode assustar é que algumas das alterações de fala e linguagem podem nascer apenas da falta ou de pouca estimulação.

Durante o desenvolvimento, a criança experimenta diversas sensações com as entradas sensoriais e vai formando seu estoque de informações. Por exemplo, num simples manuseio de um brinquedo existe o registro da sensação do toque, o acionamento de músculos e articulações e, com a visão, registros de cor e forma.

Especialmente nestes tempos de tecnologia e convivências virtuais, devemos estar atentos ao que conecta a criança ao mundo real, às experiências reais, que são as formas com as quais o indivíduo entende o mundo e consegue elaborar a fala com o intuito de se expressar e seguir com os processos de desenvolvimento.

Por isso, não se esqueça: criança precisa de vento, barulhos, música, cheiros, cores, texturas, balanço, escorregador e pés descalços com a maior frequência possível. O resultado disso? Elas se tornam interessadas na comunicação com a sua forma única e linda de expressão.

Vitória Régia Tolentino Brandão é fonoaudióloga de crianças com especialização em linguagem e aprendizagem, motricidade orofacial e audiologia clínica.

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