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‘Para criar crianças criativas, pais devem se transformar’, diz Murilo Gun
A criatividade, natural ao homo sapiens, é bloqueada pela educação priorizada pela sociedade atual. As crianças não são educadas para serem criativas. E isso não vem apenas da escola, mas também da própria família. É o que afirma Murilo Gun, palestrante, professor de criatividade e fundador da Keep Learning School, uma escola online de cursos para adultos. Murilo lançou o curso gratuito CriCriCri, Criando Crianças Criativas, com aulas dele mesmo, da psicóloga Bianca Solléro e da psicopedagoga Isa Minatel. O objetivo do curso é que a criatividade das crianças não seja bloqueada pelos pais. As inscrições se encerram nesta segunda-feira (14), mas quem usar o cupom Canguru ainda pode se inscrever gratuitamente neste link.
Para Murilo, a criatividade é a imaginação aplicada para resolver um problema. E a vida é feita de problemas. “E, por problema, considero não só as questões difíceis, mas também algo como: sentiu frio? É um problema, resolva colocando o casaco”, explica. Para resolver esses problemas, é possível usar a memorização ou a imaginação. Mas a memorização é sempre priorizada.
“É essencial usarmos a memorização muitas vezes, porque senão a gente vai ficar reinventando a roda. Está com mau hálito? Escove os dentes. A memória traz a solução da escova e da pasta”, diz Murilo. “Mas a imaginação é uma das coisas mais incríveis que o homo sapiens tem”, completa. Segundo ele, é preciso ter as duas abordagens, mas em momentos de grandes transformações na sociedade, como neste momento de pandemia do novo coronavírus, evidencia-se mais a importância de usar a imaginação para resolver problemas.
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“Porque os problemas são novos agora, são novos desafios e, portanto, ficar apegado ao uso da memorização seria loucura. Soluções antigas não resolvem problemas novos”, afirma.
Por isso é tão importante educar os filhos para que sejam crianças criativas. Mas isso não é tão simples assim, já que os pais também vêm de uma educação que prioriza a memória. “A criatividade foi bloqueada ao longo da vida, porque nós viemos de uma educação, tanto na escola quanto na família, extremamente obcecada com a memorização, com a ‘decoreba’. Nosso treinamento de solução de problemas foi fazer provas, com o objetivo de lembrar a ‘decoreba’, o que o professor falou, o que o livro disse”, fala Murilo.
Com base em tudo isso, antes do CriCriCri, foi criado o curso Reaprendizagem Criativa. “Esse curso tem a premissa de que nós nascemos criativos, desaprendemos a ser criativos e podemos reaprender”, fala Murilo. Durante o curso, muitos adultos que tinham filhos começaram a perceber como usavam muito mais a memória também como pais, educando como foram educados. “As pessoas comentavam: ‘entrei aqui pensando em mim, mas acabou que eu vou mudar a forma como eu educo os meus filhos’. Quando o adulto percebe o quanto ele foi bloqueado durante sua educação e começa sua transformação, ele naturalmente olha para o filho e percebe que está repetindo”, comenta.
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Foi então que veio a ideia de lançar o CriCriCri, Criando Crianças Criativas. “Os pais bloqueiam a criatividade das crianças não sendo criativos em suas vidas. Porque a maior forma de educação é o exemplo”, defende. “A melhor forma de não bloquear a criatividade das crianças é você, pai, mãe, se transformando, desbloqueando a sua criatividade, porque organicamente você vai dar o exemplo”, aconselha. Segundo Murilo, o próprio curso CriCriCri fala de muitas práticas, mas a maior de todas elas é a transformação do adulto.
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Heloisa Scognamiglio
Jornalista formada pela Unesp. Foi trainee do jornal O Estado de S. Paulo e colaboradora em jornalismo da TV Unesp. Na faculdade, atuou como repórter e editora de internacional no site Webjornal Unesp e como repórter do Jornal Comunitário Voz do Nicéia. Também fez parte da Jornal Jr., empresa júnior de comunicação, e teve experiências como redatora e como assessora de comunicação e imprensa.
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