Criança que ganha celular aos 12 anos tem mais chances de depressão e obesidade

Dados foram revelados em estudo feito com mais de 10 mil adolescentes e acendem alerta para famílias
Criança com celular na mão
Foto: Freepik
Criança com celular na mão Foto: Freepik

 

Uma pesquisa realizada por pesquisadores do Hospital Infantil da Filadélfia, nos Estados Unidos, mostrou resultados alarmantes para quem tem filhos entre a infância e a adolescência. Muitas famílias ficam em dúvida sobre quando dar o primeiro celular para os pequenos. Por um lado, queremos protegê-los de todos os riscos da internet, além do excesso de tempo de tela, que pode trazer vários prejuízos. Por outro, é difícil quando eles são os únicos da turma que não contam com o aparelho. A gente pensa em segurança, comunicação, autonomia… e, claro, na pressão social que cai sobre os ombros das crianças — e dos pais também. O estudo, um dos mais robustos já feitos sobre tecnologia e infância, foi publicado em dezembro, na revista Pediatrics, pode trazer novas pistas importantes para essa decisão.

Os pesquisadores analisaram dados de 10.588 adolescentes, acompanhados desde a pré-adolescência, e concluíram que o que importa não é apenas o tempo de tela, mas justamente a idade em que a criança ganha o primeiro smartphone, já que este fator tem relação direta com a saúde física e emocional deles.

O estudo descobriu que, aos 12 anos, adolescentes que já tinham um smartphone apresentaram:

  • 31% mais risco de sintomas depressivos
  • 40% mais risco de obesidade
  • 62% mais risco de dormir menos do que o recomendado

E mais: quanto mais cedo a criança ganha o celular, maiores os riscos. Cada ano a menos na idade da primeira posse do aparelho aumenta a probabilidade de problemas de sono e de ganho de peso. Tudo isso mesmo considerando fatores como renda familiar, início da puberdade, supervisão dos pais e posse de outros dispositivos.

O sono aparece como um dos fatores mais afetados — e sabemos como noites mal dormidas mexem com o humor, o aprendizado, o apetite e até com o corpo. Entrar na cama com notificações, luz da tela e FOMO (medo de perder algo) cria um ciclo difícil de quebrar.

O estudo também aponta aumento de sintomas depressivos e risco maior de obesidade — dois temas delicados que merecem atenção especial na adolescência.

 

Por que isso importa?

A adolescência é uma fase em que o cérebro ainda está aprendendo a lidar com impulsos, emoções intensas e pressões externas. Ter um smartphone muito cedo significa acesso imediato a estímulos contínuos, redes sociais, grupos de comparação, interrupções no sono e um estilo de vida mais sedentário.

A ideia, é claro, não deve ser “demonizar” o celular, que faz parte da vida. É sobre reconhecer que o aparelho pode virar uma carga pesada, quando chega antes da maturidade emocional necessária.

O estudo não aponta culpados — e muito menos as mães, que já carregam peso mais do que suficiente. No entanto, ele serve como uma oportunidade de repensar o uso, ajustar rotas, conversar mais com as crianças e criar combinados saudáveis. Nunca é tarde para reorganizar a relação da família com as telas.

O que fazer, então?

Alguns caminhos práticos para preservar a saúde digital são:

  • Adiar ao máximo o primeiro celular pessoal, quando possível
  • Criar regras para os aparelhos na hora de dormir: nada de celulares dentro do quarto à noite
  • Manter conversas frequentes sobre o que eles consomem online
  • Incentivar atividades fora das telas, sem culpa e sem exageros
  • Estabelecer “momentos de desconexão”, como refeições e deslocamentos
  • Acompanhar sinais emocionais: irritabilidade, retraimento, compulsão, cansaço constante

E, acima de tudo, lembrar: o objetivo não é controlar, mas acompanhar.

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