As férias de verão no Brasil são o momento ideal para passar o tempo com a família ao ar livre. Mas é muito comum encontrar mosquitos e outros insetos nas praias e nos parques, o que pode prejudicar a diversão, especialmente se a criança apresentar reações alérgicas às picadas. O uso de repelentes e roupas compridas podem ajudar na prevenção, mas é quase inevitável que as crianças levem uma picada um dia.
Nem sempre isso será um problema, pois as picadas de mosquitos e pernilongos geralmente não provocam reações tão graves quanto as de outros insetos. No entanto, segundo profissionais da saúde, é preciso tomar um cuidado redobrado com crianças mais alérgicas. “A alergia à picada de insetos pode ser local ou sistêmica. A reação local mais comum é o ‘prurigo estrófulo’, que é uma hipersensibilidade à saliva de mosquitos, pernilongos, pulgas, percevejos, entre outros”, explica Felícia Szeles, pediatra especialista em alergia e imunologia.
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Sintomas de crianças alérgicas
Geralmente, as crianças com alergia apresentam inchaço, vermelhidão, coceira e calor nos locais das picadas de inseto. “Pode-se observar o surgimento de pápulas vermelhas com distribuição linear e aos pares. O número de lesões é bastante variável, podendo ser disseminado”, diz a dermatologista Simone Neri. Segundo ela, o prurigo estrófulo também é conhecido como urticária popular e as placas vermelhas podem desaparecer em algumas horas.
De acordo com Tatiana Curi, médica da Sociedade Brasileira de Dermatologia, as reações são sempre mais exacerbadas do que em relação às pessoas que não têm alergia. “A coceira e a vermelhidão também podem se espalhar para outras regiões do corpo, distantes do local que foi picado”, diz a especialista.
Insetos como abelha, vespa e formiga requerem uma atenção maior. “As picadas desses insetos podem causar apenas uma reação local. Mas, também podem causar reações sistêmicas graves, inclusive a anafilaxia, que pode ser fatal”, ressalta Felícia Szeles.
A partir de qual idade as alergias se manifestam?
Segundo Szeles, o prurigo estrófulo raramente terá início antes do sexto mês de vida, pois, para que ocorra a sensibilização alérgica, são necessárias diversas picadas. “O tempo para o desenvolvimento da alergia varia de criança para criança e depende do número de exposições aos insetos no seu dia a dia”, diz. A alergia, na maioria das vezes, tem início entre o 12º ao 24º mês de vida. Ainda de acordo com a especialista, a tendência é melhorar por volta dos 10 anos de idade.
No entanto, uma criança que nunca teve alergia às picadas de inseto pode começar a manifestar sintomas em qualquer época da vida, como explica Tatiana Curi. “É possível desenvolver alergias que não apresentava antes. Depende também de imunidade, doenças associadas, quadro nutricional e até funções da barreira de proteção da pele”, adiciona a dermatologista.
De acordo com Simone Neri, os pais devem ter um cuidado redobrado com as picadas caso as crianças já tenham tendências alérgicas, pois apresentam hipersensibilidade e um sistema imune responsivo. “Sabemos que as alergias são geneticamente determinadas, então, a criança que já tem uma alergia pode ter uma chance maior de ter outras alergias, mas precisa ocorrer uma sensibilização ao inseto antes”, aponta Felícia Szeles.
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Sinais para prestar atenção
Para Felícia Szeles, a maior preocupação em relação à alergia de picadas de inseto é a anafilaxia (também conhecida por choque anafilático, reação alérgica que pode ser fatal). Por isso, é preciso ficar de olho nas manifestações sistêmicas e buscar atendimento médico.
“É importante lembrar que caso a criança já tenha um histórico de alergia, os pais devem ter em mãos as medicações prescritas pelo médico responsável para utilizar prontamente e evitar complicações indesejadas”, destaca Simone Neri.
Confira os sinais de alerta apontados pelas especialistas:
- Reação local intensa;
- Placas grandes próximas a picada e em locais distantes;
- Sensação de falta de ar;
- Tosse com chiado;
- Inchaço nos olhos e boca;
- Tontura;
- Desmaios;
- Vômitos e diarreia;
- Febre;
- Mal estar e prostração.
Dicas para diminuir o desconforto e prevenir as picadas
“O ideal é sempre buscar avaliação médica para saber se o tratamento requer medicamentos locais ou sistêmicos. No entanto, medidas gerais como compressas frias, evitar sol, não coçar e higiene local são sempre bem vindas nessas ocasiões”, destaca Tatiana Curi. Para aliviar a vermelhidão e a coceira, Felícia Szeles aponta que podem ser usadas pomadas de corticóide tópico, mas sempre com supervisão médica.
A prevenção das picadas também é muito importante, segundo as especialistas. “Repelentes são extremamente necessários, mas deve-se ter orientações quanto ao tipo de ingrediente do repelente, concentração de uso, faixa etária indicada e quantas vezes ao dia aplicar”, indica Tatiana Curi. A dermatologista ressalta que é preciso consultar médicos especialistas para adquirir o repelente mais indicado para a criança.
Além disso, também recomenda usar blusas de manga longa e calças compridas. “Outra dica é colocar telas protetoras, somente abrir as janelas e portas após o nascer do sol e fechá-las antes do pôr do sol”, diz Szeles.
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Bom dia.Parabéns e muito obrigado pelo artigo sobre Alergias a picadas de insetos.Muito vem escrito,resumido e oportuno,com a chegada do verão.Tomara que venham mais bons artigos sobre Medicina e em especial,Dermatologia,Imunologia e Alergias.