Meu nome é Isabela, mas pode me chamar de Bebel. Sou mãe do Felipe de 11 anos. Me formei em arquitetura e urbanismo em 1999, atuei como arquiteta até 2015 quando parei para me dedicar à rede de apoio à mulher que tem filhos “Padecendo no Paraíso”, que havia fundado em 2011.
São mais de nove anos conversando com mães diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Ouvindo, aprendendo, ajudando, orientando. Um coletivo de mães é um ambiente extremamente transformador para quem está aberta à mudança e vai muito além da educação dos filhos, porque as pautas femininas são infinitas. É a bagagem desses anos que quero trazer para vocês leitores da Canguru News.
Estou aproveitando esse momento de isolamento social para olhar para dentro de mim mesma, me lembrar de quem eu sou, guardar o que está bom, e ter coragem para mudar o que está ruim. Já são mais de 70 dias sem sair de casa.
Tem dia que eu acordo sem vontade de sair da cama. Tem dia que eu acordo animada, invento receita, faço almoço gostoso, faço bolos. Tem dia que eu organizo a casa. Tem dias que eu deixo tudo de pernas para o ar.
Todo dia penso nas mudanças que eu ainda preciso fazer em mim e nas transformações que eu queria para o mundo. Todo mundo quer a mudança, mas se a gente não começar a mudar, aos poucos, dentro da gente, na nossa casa, na nossa família, a mudança não vem.
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Todo dia eu vejo todas as coisas que eu tenho e que eu não precisava ter, e vejo tudo que eu poderia ser e ainda não sou.
Sim, existe uma enorme mudança vindo de fora, nos obrigando a ficar em casa, a trabalhar em casa, com as crianças tendo aulas online. A gente pode aproveitar esse tempo para colocar nossos propósitos em ordem, rever conceitos, pensar que aquele normal que nós tínhamos não era bom e nem é mais possível, e assim conseguiremos nos desapegar de coisas que não são necessárias.
Durante todos esses dias de isolamento eu já me virei do avesso e me desvirei. Estou revisando meus passos e redefinindo meu caminho, mudando o percurso, revendo posicionamento, encerrando alguns projetos, e começando outros. Ter coragem para mudar dá medo, aquele frio na barriga. Deixar coisas que eram importantes para trás, colocar um ponto final. A vida é feita de recomeços, com coragem para seguir, apesar do medo.
Às vezes me dá muitas saudades do mundo lá fora, da minha família, dos meus sobrinhos, das minhas amigas. Sim, a gente conversa por vídeo, mas sente falta do calor, dos abraços.
Não estamos de férias. Estamos confinados. Precisamos ser responsáveis. A carga mental é grande, não poder sair não é bom para a sanidade. Mas nossa mente tem infinitas possibilidades, nossa imaginação é ilimitada.
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Outro dia meu filho estava se queixando de saudade da família, fiz massagem coloquei uma música de meditação, pedi para ele se deitar e fiz massagem com óleos essenciais. Enquanto massageava ia guiando o pensamento dele, dizendo:
Agora você está em um lugar amplo, aberto, no meio da natureza, com muitas árvores… Agora chegou alguém pra ficar com você…
Depois que terminamos eu perguntei onde ele foi e ele disse que esteve na fazenda, no caminho da floresta, a Sofia prima dele chegou chegou, e depois a vovó e eu. Ele ficou muito mais tranquilo depois disso e temos repetido a prática. Mostrei para ele que a imaginação pode nos levar onde quisermos.
Também faço esse exercício, eu comigo mesma. Me deito, medito e depois deixo a minha imaginação me levar para os lugares que me dão saudades, para as pessoas que eu queria encontrar. Imaginando as mudanças pelas quais as cidades poderiam passar depois da pandemia. Nos rios limpos e navegáveis, menos ruas, menos carros, mais parques, mais árvores. Caminho por lugares que só existem na minha imaginação de arquiteta, contemplo, sonho.
E enquanto meus sonhos não se realizam, vou mudando costumes em casa, fazendo compostagem, começando uma horta vertical, mudando hábitos de consumo, procurando produzir menos lixo. Sim, com tudo que está acontecendo eu também me preocupo com o meio ambiente. Os indicadores ambientais (negativos) estão batendo recordes em 2020, mesmo com a paralisação das indústrias, comércios e serviços, ou seja, ainda estamos em déficit. A retirada de recursos naturais pela ação do homem ultrapassa em 30% a capacidade de regeneração da Terra. Ou a gente muda, ou a gente muda!
Deixo aqui meu convite à mudança. É preciso coragem para mudar e ser feliz como a gente merece ser.
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Vamos mudar sim !!
Parabéns Bebel !!
Ler ‘Você’, só me faz bem. Obrigada. Obrigada. Obrigada.
Como já dizia Raul Seixas; “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo…”. Dá medo mudar, mas ao mesmo tempo a vida fica tão mais cheia de nuances, tão mais completa.
Adorei! É isso mesmo, um dia de cada vez! Obrigada, Bebel!