Depois de mais de um ano de confinamento em casa, as famílias agora querem aumentar a frequência a parques e áreas ao ar livre: esse é o desejo de 75% dos pais. O problema é que 42% deles disseram não ter um espaço verde próximo a suas casas e citaram dificuldades como falta de segurança e/ou limpeza dos locais, falta de tempo e o custo envolvido nesses passeios. O dados são do estudo “O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia”, que entrevistou famílias em todo o Brasil e foi idealizado pelo programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, em parceria com a Fundação Bernard Van Leer e o WWF-Brasil. A pesquisa teve como objetivo investigar como essa falta de contato com a natureza afetou as crianças, e de que modo retomar esse vínculo pode ajudá-las a restaurar os danos da pandemia.
Antes do isolamento social, cerca de 71% das crianças tinham a oportunidade de brincar ao ar livre até uma vez por semana. Durante a pandemia, esse número caiu para 45%. E isso trouxe uma série de efeitos negativos na percepção das famílias: 24% delas disseram que houve aumento de problemas físicos, como obesidade e falta de vitaminas, por exemplo, e 60% declararam que cresceu o uso de equipamentos eletrônicos pelas crianças.
E se a falta de contato com o verde traz prejuízos, em contrapartida, brincar nesses espaços pode proporcionar vários benefícios aos pequenos. Durante a pandemia, 93% dos pais disseram que os filhos ficam mais felizes e ativos física e mentalmente quando estão ao ar livre, e mais de 80% dos pais destacaram melhoras ao sono, à saúde e ao bem-estar, bem como a redução do estresse e ansiedade.
“As famílias notaram com mais nitidez os benefícios que o contato com a natureza traz para as crianças e querem ampliar isso. Derrubar as barreiras e apontar caminhos para que haja cada vez mais crianças na natureza e mais natureza para as crianças é uma tarefa sistêmica, que cabe a todos: famílias, profissionais de saúde, educadores e, principalmente, gestores públicos e urbanistas, no sentido de criar, manter e distribuir equitativamente áreas verdes pelas cidades”, destaca JP Amaral, coordenador do programa Criança e Natureza.
A pesquisa foi feita pela Rede Conhecimento Social, com base em duas abordagens metodológicas: uma quantitativa, via questionário, com 1000 pessoas (pais, mães ou cuidadores e crianças de até 12 anos); e outra qualitativa, que contou com a participação de 10 famílias.
Recentemente, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou a nota de alerta “O papel da natureza na recuperação da saúde e bem-estar das crianças e adolescentes durante e após a pandemia de covid-19”. O documento traz recomendações para as famílias e os pediatras, e ressalta que oferecer mais natureza às crianças pode servir como estratégia para a redução dos danos causados pela crise sanitária.
Junto com o estudo, foi lançado um mini documentário, que você pode assistir abaixo, sobre a importância do contato com a natureza para crianças pequenas, de 0 a 6 anos. O projeto é um recorte do filme “O Começo da Vida 2 – Lá Fora”.
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