Por Rafaela Matias
A pequena Giovanna Karla Moreira Rufino, de 11 anos, tinha um problema. Aluna do 5º ano da Escola Estadual Emília Cerdeira, no bairro Betânia, em BH, ela levava todos os dias para a escola cinco livros grossos, cinco cadernos, uma agenda e um estojo. Tudo dentro da mochila, que pesava muito além do que a menina, de 1,50 m e 31 kg, consegue carregar com tranquilidade. Em vez de se lamentar das dores nas costas, a garota resolveu redigir um projeto de lei propondo uma solução – que ela foi defender pessoalmente na Câmara dos Deputados.
Batizada de “Mochila leve – livro no armário”, a proposta de Giovanna obriga as escolas de todo o país a confeccionarem escaninhos feitos com material reciclado para que os alunos armazenem seus utensílios escolares. O projeto foi um dos três escolhidos, dentre os mais de 700 enviados por crianças de várias partes do país, para ser discutido na 12ª edição do Câmara Mirim – programa educativo promovido pelo portal Plenarinho, da própria Câmara. Giovanna e outros 356 estudantes do 5º ao 9º ano do ensino fundamental, de escolas públicas e particulares, participaram do encontro em Brasília, no dia 21 de outubro.
Os outros dois projetos escolhidos eram sobre ensino de educação física para pessoas com deficiência e ensino de inglês de qualidade em todas as escolas públicas do país. Após duas horas de muita discussão, as três propostas foram aprovadas. Agora, elas aguardam o apadrinhamento de algum deputado federal para que se tornem lei e passem a valer.
As sessões do Câmara Mirim, feitas anualmente em outubro, Mês das Crianças, reproduzem o rito normal do legislativo, com a intenção de estimular nos mais novos o pensamento crítico sobre democracia, cidadania e atividade legislativa. Para crianças como Giovanna, representam mais que isso. São a possibilidade de defender os interesses da infância, levando a todo o Brasil aquilo que vivem em suas cidades.
Uma garota de atitude
Veja a entrevista com Giovanna Karla Moreira Rufino, autora do projeto
Canguru – De onde surgiu o desejo de criar esse projeto de lei?
Giovanna – A minha mochila estava muito pesada, e todos os dias eu reclamava de dor nas costas. Decidi fazer algo a respeito e comecei a escrever o projeto, com a ajuda do meu pai. Vi que uma boa opção era criar escaninhos onde as crianças pudessem deixar os livros na própria escola.
Canguru – Como seriam esses escaninhos?
G – Os escaninhos seriam feitos com material reciclável e madeira de reflorestamento.
C – Foi difícil ficar diante de tantas pessoas para defender o seu projeto de lei?
G – Não, foi muito legal. Pude conhecer Brasília na excursão que fizemos. Não fiquei com vergonha, porque canto no coral da igreja e já estou acostumada com [apresentações diante de] muitas pessoas. Além disso, fiquei muito amiga das outras crianças que participaram. Criamos até um grupo no WhatsApp!
