Compartilhar maquiagem com os filhos pode? O que dá para dividir e o que é melhor esconder do nécessaire

Produtos infantis costumam ser mais seguros para toda a família, mas o caminho inverso pode trazer riscos. Especialistas explicam como escolher cosméticos que respeitem a pele das crianças

Com o crescimento do interesse das crianças, especialmente meninas e adolescentes, por skincare, maquiagem e produtos de autocuidado, é preciso ficar de olho nas escolhas. Quase todas as mães de meninas já ouviram pedidos das filhas, querendo usar suas maquiagens, cremes, perfumes… Mas será que existem cosméticos que adultos e crianças podem usar juntos, com segurança? A resposta é sim, desde que com bastante cuidado.

A pele infantil exige atenção redobrada. É importante entender que não se trata apenas de “uma versão menor” da pele adulta. “É uma pele estruturalmente diferente da pele do adulto”, explica a dermatologista Maria Paula Del Nero, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em entrevista ao Canguru News. Segundo ela, a barreira cutânea infantil ainda está em maturação, é mais fina, perde água com mais facilidade e absorve substâncias de forma mais intensa.

Isso significa que o uso inadequado de cosméticos pode provocar desde dermatites de contato e ressecamento até desequilíbrio da microbiota da pele e maior absorção sistêmica de substâncias químicas. “Há ainda o risco de sensibilização precoce, que pode acompanhar a pessoa por toda a vida”, alerta.

O pediatra Paulo Telles, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça esse cuidado. “A pele infantil é mais fina e permeável e não está totalmente desenvolvida, o que a torna mais suscetível a irritações, alergias e reações adversas”, afirma. Ele destaca que alguns ingredientes comuns em cosméticos podem impactar a saúde a curto e longo prazo, inclusive o desenvolvimento hormonal e imunológico.

Afinal, existem cosméticos que toda a família pode usar?

De acordo com os dois especialistas, alguns produtos têm um perfil de segurança amplo. O segredo é ler os rótulos com atenção. As fórmulas precisam ser simples, suaves e bem testadas.

Entre os principais exemplos de produtos que podem ser usados por adultos e crianças estão:

  • Hidratantes básicos de barreira cutânea, com ingredientes como glicerina, ceramidas, colesterol e ácidos graxos, que ajudam a proteger e reparar a pele em qualquer idade.
  • Protetores solares físicos (minerais), à base de óxido de zinco ou dióxido de titânio, indicados para crianças e também ideais para adultos com pele sensível.
  • Sabonetes suaves com pH fisiológico e sem sulfatos agressivos, adequados para uso diário desde a infância.
  • Emolientes corporais sem fragrância, muito usados em bebês e crianças com pele seca ou atópica, mas igualmente benéficos para adultos.
  • Produtos calmantes, com ativos como pantenol, aveia coloidal, alantoína ou calamina, que ajudam a reduzir irritações em qualquer fase da vida.

“Todos os produtos formulados para crianças podem ser usados por adultos, mas nem todos os produtos de adultos podem ser usados por crianças”, resume Maria Paula.

Por que o contrário não funciona?

O problema está na composição. Cosméticos voltados para o público adulto costumam conter ativos que são seguros para uma pele madura, mas inadequados para a pele infantil.

Entre eles, os especialistas citam:

  • retinoides e ácidos esfoliantes (como glicólico, salicílico e lático);
  • fragrâncias intensas e complexas;
  • conservantes mais potentes;
  • esfoliantes físicos ou químicos;
  • substâncias com potencial irritativo ou hormonal.

“Esses componentes podem causar danos e prejuízos à pele das crianças e infelizmente têm sido usados de forma inadvertida no skincare tão difundido entre meninas e adolescentes”, alerta o pediatra Paulo Telles.

O que observar no rótulo antes de usar em crianças?

Antes de compartilhar um produto com os filhos, vale olhar o rótulo com atenção. Alguns sinais de alerta incluem:

  • indicação clara de “uso adulto” ou “anti-idade”;
  • presença de retinol, ácido retinoico ou ácidos esfoliantes;
  • fragrâncias artificiais ou perfumes intensos;
  • álcool anidro ou ureia em altas concentrações;
  • ausência de informação sobre uso pediátrico;
  • falta de registro ou regularização na Anvisa.

“Na dúvida, a regra é simples: quanto mais simples a fórmula, mais segura ela tende a ser para a infância”, orienta a dermatologista. “É fundamental consultar um dermatologista ou pediatra ao escolher produtos de cuidado com a pele para crianças, especialmente agora no Natal, quando esses itens costumam aparecer como presente”, reforça o pediatra.

Aviso de conteúdo

É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita. O site não se responsabiliza pelas opiniões dos autores deste coletivo.

Deixe um comentário

Veja Também