Cirurgia proporciona qualidade de vida para crianças com paralisia

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    Por José Aloysio Costa Val Filho

    Muitas crianças podem ter a infância comprometida devido a doenças neurológicas congênitas, como é o caso da espasticidade ocasionada pela paralisia cerebral. Mas existem tratamentos que oferecem qualidade de vida e dão esperança às famílias.

    A paralisia cerebral é um dano que ocorre no cérebro da criança antes, durante ou depois do nascimento. Esse dano pode levar a vários problemas, entre eles os motores. E muitas podem desenvolver a espasticidade.

    Essa doença é um distúrbio de controle muscular que é caracterizado por músculos tensos ou rígidos e uma incapacidade de controlar esses tecidos. A criança que sofre com espasticidade pode andar, tem capacidade mental para fazer esse movimento, mas não consegue caminhar, porque as pernas são tão duras que não conseguem trocar os passos.

    Existem situações muito graves de crianças com comprometimento cognitivo que têm espasticidade generalizada. Elas não conseguem sentar ou deitar, não ganham peso e têm deslocamentos do esqueleto, além de luxação do quadril e da coluna.

    A mudança nas crianças é
    perceptível e consoladora para os
    profissionais e os familiares que as
    acompanham de perto

    A participação do médico, do fisioterapeuta, do terapeuta ocupacional, do fonoaudiólogo e de outros profissionais, além da família, é de grande valor para a busca de um tratamento seguro e rápido. A espasticidade não tem cura, mas um controle rigoroso pode auxiliar na função e na qualidade de vida do paciente.

    A toxina botulínica, conhecida como “botox”, é uma aliada ao tratamento e pode ser usada em casos em que a espasticidade é focal. Quando é generalizada, a indicação é fazer cirurgias, entre elas a rizotomia dorsal seletiva, realizada na coluna.

    Após exposição na parte posterior da coluna, um pequeno corte é feito nas raízes sensitivas onde termina a medula, o que diminui a sensibilidade e, consequentemente, a resposta motora que chega ao cérebro, como a tensão, e retrai a espasticidade nos membros inferiores. O tratamento ajuda a criança por evitar complicações ortopédicas, mas também por melhorar a qualidade de vida e, quando possível, promover o ganho de função motora.

    A mudança nas crianças é perceptível e consoladora para os profissionais e os familiares que as acompanham de perto. Elas começam a fazer movimentos que, para muitos, são simples, como andar e poder abrir as pernas para que a higienização seja feita. É um conforto para todos e um novo mundo a ser descoberto por elas. Mas é importante a continuação das terapias físicas.

    A cirurgia é indicada a partir dos 2 anos, quando a espasticidade começa a se desenvolver. Quanto antes se impedir seu desenvolvimento, mais benefícios a criança vai ter pelo resto da vida.

     

    José Aloysio Costa Val Filho é médico formado pela Faculdade de Medicina da UFMG e mestre em cirurgia pela UFMG. Possui especialização em neurocirurgia infantil. É ex-presidente da Sociedade Mineira de Neurocirurgia e da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia Pediátrica. Membro da International Society for Pediatric Neurosurgery.
     
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