É comum ouvirmos falar de candidíase em mulheres adultas, mas há situações frequentes na infância que podem fazer com que essa infecção apareça em crianças de diferentes idades. O quadro, conhecido especialmente por afetar a área genital feminina, é causado pelo fungo Candidas albicans, que quando em desequilíbrio no organismo, pode ocorrer o seu crescimento excessivo, desencadeando uma série de sintomas muito incômodos.
Causas e formas de manifestação
A Candida albicans é um fungo microscópico que faz parte da nossa flora habitual. Quando há o crescimento excessivo desse fungo, ocorre um desequilíbrio alarmante. Ele pode ocorrer por condições ambientais, uso de antibióticos e até a alimentação, além da umidade, calor e queda da imunidade, favorecendo a proliferação deste fungo.
A candidíase pode se manifestar de três formas:
Cutânea: Quando o fungo se manifesta em pele e unhas
Oral: Acontece quando o fungo se acumula na boca, popularmente conhecida como “sapinho”.
Vaginal: Quando a infecção acomete a vagina e os tecidos da abertura do canal.
A infecção vaginal pode surgir em crianças maiores, por volta dos dez anos de idade, principalmente por conta da falta de atenção com alguns hábitos de higiene importantes. O Manual Vulvovaginites na Infância, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo), diz que a lavagem inadequada das mãos, uso de roupas íntimas apertadas e pouco absorventes, irritantes químicos como sabonetes e banho de espuma, e permanência de roupas de banho úmidas são fatores aliados para o aparecimento da condição.
Já a candidíase oral ou cutânea é mais incidente em crianças pequenas. Fraldas úmidas utilizadas por várias horas e o suor e a umidade nas dobrinhas do corpo são fatores que favorecem a reprodução do fungo. A baixa imunidade, característica dessa fase com o sistema imunológico em formação, também contribui para o surgimento da condição nos primeiros anos de vida. Ainda, o manuseio de objetos que envolvem troca de saliva, quando não higienizados devidamente, podem servir de veículo para candidíase e outras infecções.
Ainda, ao começarem a ir ao banheiro e se limparem sozinhas, as crianças podem deixar rastros de xixi, favorecendo o desenvolvimento do fungo, esclarecem especialistas, em entrevista ao VivaBem/Uol. Para garantir a higiene adequada das partes íntimas, é importante que os pais estejam atentos a essa limpeza e orientem os filhos para a troca da roupa íntima várias vezes ao dia.
Quais são os sintomas?
No caso da candidíase cutânea e vaginal, a ginecologista Adriana Bittencourt Campane, membro do Departamento de Ginecologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo, destaca como principais sintomas: vermelhidão local, saída de secreção, corrimento branco (que pode se assemelhar a nata de leite), coceira e pequenas fissuras na vulva.
O caso, quando manifestado de maneira oral, pode ser assintomático ou apresentar os seguintes sintomas: placas brancas na gengiva, língua, lábios ou céu da boca; dificuldade em mamar; recusa de alimentos e aumento da salivação.
Como o tratamento é realizado?
O tratamento é realizado com medicações antifúngicas em forma de cremes e pomadas, que devem ser aplicadas no local da infecção. Em casos de candidíase sistêmica, quando existe uma infecção invasiva do sangue ou de outros locais, pode ser necessário o uso de antifúngicos via oral, ou até mesmo a internação, para aplicação de medicamentos de maneira intravenosa.
Existe forma de prevenção?
Existem algumas medidas que podem ser utilizadas como forma de prevenir a ocorrência do quadro. Entre elas, estão:
- Secar muito bem as dobras e os dedos da criança;
- Evitar compartilhar talheres, chupetas, mamadeiras e outros objetos da criança;
- Manter as fraldas e roupas íntimas limpas e secas;
- Evitar maiôs, sungas e fraldas de piscina que mantêm umidade por muito tempo.
Ela acontece só em meninas?
Apesar de mais frequente em indivíduos do sexo feminino, a candidíase também pode se manifestar em meninos. O quadro é menos comum entre o sexo masculino porque como a uretra masculina fica dentro do pênis, quando os meninos acabam de urinar, é mais incomum que resíduos de xixi permaneçam no órgão ou se espalhem na roupa íntima. Sendo assim, os garotos, quando portadores do quadro, tendem a manifestá-lo de maneira oral ou cutânea.
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