Por Rafaela Matias
A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) divulgou os resultados do primeiro teste com cadeiras infantis para refeição, que avaliou os produtos com foco nos seguintes quesitos: possíveis partes salientes e expostas (que que pudessem cortar a criança), buracos (que prendessem dedos, pés ou pele), cintos suspensórios e resistência a impactos.
As conclusões são alarmantes já que, dos cinco modelos avaliados, três foram eliminados por apresentarem um alto risco de que os pequenos se cortem, prendam os dedos e se soltem durante a refeição. São eles Bon Apetit, da Burigotto; Pocket Lunch, da Chicco; e Standard, da Galzerano. Todos destinados crianças de 6 meses a 3 anos de idade. A associação também solicitou que o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) revise a certificação desses modelos.
A cadeirinha Teddy Alta, da Tramontina, não foi bem avaliada no quesito versatilidade, por não ter porta-copo e apoio para os pés da criança, mas não foi considerada insegura pelo teste. O único modelo 100% aprovado foi o Recreio, da Lenox Kiddo, que não apresentou falhas.
Detalhes das falhas
Veja abaixo o que, segundo o relatório apresentado pela Proteste, havia de errado em cada uma das três marcas reprovadas.
Bon Appetit, da Burigotto
Tem fendas maiores do que 7 mm e menores do que 12 mm, suficientes para prender o dedo de uma criança de até 3 anos, por exemplo. Além disso, sua borda superior tem um raio menor do que 5 mm, o que também é um perigo para crianças.
Pocket Lunch, da Chicco
A fivela da cadeira se abriu com um força menor do que 40 Newtons (medida de força), o que é um risco para uma criança de até 3 anos. Isso significa que, nessa faixa etária, ela pode abrir esse dispositivo e se levantar com facilidade, correndo o risco de cair.
Standard, da Galzerano
Quando submetida a impactos semelhantes aos do dia a dia, sofreu sérias avarias. A bandeja e o assento quebraram, demonstrando má qualidade do material e restaram pontas que podem ferir a criança.
Outro lado
Em nota, a empresa Burigotto afirmou que todas as cadeiras de seu portfólio atendem às exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de cadeiras altas para crianças. A empresa disse ainda que não teve acesso ao material da pesquisa, nem às normas e aos métodos utilizados para avaliação. Após o recebimento das informações, a Burigotto se comprometeu a avaliar os resultados divulgados pela Proteste.
A Artsana Brasil Ltda., detentora da marca Chicco, disse que seus produtos, inclusive as cadeiras altas de alimentação, atendem às exigências do Inmetro, que assegura sua total segurança. A empresa destacou que já está disponível no mercado uma versão mais moderna da cadeirinha, com características diferentes do modelo testado, mas que todas elas foram submetidas a testes dinâmicos baseados nos padrões europeus e atenderam aos seus requisitos.
A Galzerano informou que o modelo de cadeira alta Standard é certificado pelo Inmetro e passou por ensaios de manutenção em 29/07/15 e 13/06/16. De acordo com a empresa, foram realizados todos os ensaios prescritos nas normas e regulamentos previstos e em nenhum deles foi apresentada qualquer não-conformidade. A empresa disse ainda que teve acesso aos ensaios realizados pela Proteste e considerou os resultados falhos, já que os métodos utilizados não teriam seguido as prescrições da ABNT.
A Tramontina afirmou que “a cadeira de alimentação para crianças Teddy Alta é fabricada e comercializada atendendo aos requisitos estabelecidos nas portarias publicadas pelo Inmetro.”
Já o Inmetro, disse que os resultados dos testes ainda não chegaram ao instituto e ressaltou que segue os critérios técnicos da legislação de segurança europeia para fazer a certificação dos produtos.