O burnout tem como características principais a sensação de sobrecarga emocional constante e esgotamento físico e mental. A síndrome, inicialmente relacionada ao universo do trabalho, hoje também atinge mães que sofrem de uma exaustão emocional devido a uma situação de estresse crônico.
“O burnout materno se caracteriza pelo estresse prolongado, relacionado não só aos cuidados maternos, mas pela maneira como a mãe exerce as múltiplas obrigações nos primeiros anos dessa fase de vida”, afirma a psiquiatra Mônica Cereser, autora de livros sobre maternidade e mãe de 3 filhos.
A especialista conta que o burnout parental se caracteriza por sintomas nas mães como:
- sentimentos de fracasso, impotência e culpa;
- estresse;
- dificuldade na administração do tempo;
- excesso de pessimismo;
- exaustão mesmo após repouso;
- irritabilidade sem motivo aparente;
- falta de interesse ou prazer em cuidar do filho;
- baixa autoestima;
- tristeza;
- medo;
- insegurança.
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Mônica ressalta que os transtornos não são causados apenas pela maternidade em si, mas pela maneira como esse momento está sendo vivido pela mulher e pela sua família. A maternidade traz consigo uma responsabilidade “para o resto da vida e em todos os momentos”, o que pode gerar uma preocupação constante e, por vezes, angustiante, diz ela.
Além de ser um momento difícil, a mulher está lidando com alterações hormonais e fisiológicas corporais e cerebrais. Longos períodos de sono intranquilo, novas atribuições e muita expectativa em relação às mudanças desse novo momento da vida são comuns nessa etapa.
“O burnout não é apenas cansaço. As mães esgotadas ficam fissuradas nas suas tarefas diárias, tensas para dar conta de tudo. Pequenos problemas podem ser o gatilho para o desequilíbrio emocional. Sentir-se cansada ao final de um longo dia é natural, desde que a exaustão não vire rotina e faça com que a mãe perca seu interesse e motivação por coisas que antes gostava de fazer”, conta a psiquiatra.
Por isso ter uma rede de apoio sólida é imprescindível para que as mães possam passar por esse momento de vida, de forma mais tranquila, e contar com um auxílio não apenas nas tarefas diárias, mas também nos aspectos emocionais que estão envolvidos.
“Um bom caminho é se aceitar, se acolher, buscar ferramentas para promover a saúde mental e então passar a agir de modo diferente”, relata Mônica, que coordena o grupo Mães que ajudam mães (MAM), de Jundiai, interior de São Paulo”, cujo objetivo é promover encontros online e presenciais para promover a troca de experiências e fornecer orientações às participantes.