Brincadeiras ‘diferentonas’ para despertar o espírito infantil que (não) há em você

A escritora Sheila Trindade diz não ser "aquele tipo de mãe que acompanha as crianças em suas brincadeiras", mas ela tem habilidades surprendentes para se divertir com os filhos

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ttoo da mamãe”. O material necessário é simples também: canetinhas, uma ou mais crianças entediadas e sua completa falta de noção e vaidade em
"Tattoo da mamãe" para quem não se incomoda em sair na rua depois com o corpo todo riscado de hidrocor
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Eu seria uma pessoa muito ruim se não compartilhasse a dica que tenho hoje, mas antes, preciso contextualizar para não passar por louca, o que de fato potencialmente sou, mas não gosto de dar bandeira. Nunca fui aquele tipo de mãe que senta no chão para acompanhar as crianças em suas brincadeiras, seja lá o que for que elas estiverem fazendo. Nunca fui de parar “tudo” ou “nada” para realizar uma atividade que, na verdade, não estou com vontade de fazer.

Em contrapartida, tem certas brincadeiras que eu adoro. Sou o tipo de mãe que joga vídeogame e, com um baita orgulho, derroto todos os castelos do Mario Bros. Gosto de jogar queimada, de tomar banho de mangueira e, com certo constrangimento, confesso que sou exímia jogadora de Pokémon Go – na minha idade, talvez soe esquisito, até brega, mas meus filhos adoram também. É a nossa conexão. Rende boas conversas e um tempo de qualidade compartilhado.

Meu maior déficit como mãe, creio, está nas brincadeiras com crianças pequenas. Não via graça em nada que elas brincam, até notar meu talento e desenvolver ainda mais esta habilidade singular que tenho para ser ponte de carrinhos. A brincadeira funciona assim: eu deito de costas na cama enquanto a criança faz meu corpo de ponte. Enquanto ela brinca, obviamente eu caio no sono, mas não tem problema. Em nada afeta a diversão de ambos. A dele, de brincar de carrinhos, a minha, de dormir em paz. Dia desses acordei duas horas depois com um monte de carrinhos estacionados na minhas costas. Foi ótimo!

Quando percebi a falta de interesse em brincar de carrinhos, inventei o “tattoo da mamãe”. O material necessário é simples também: canetinhas, uma ou mais crianças entediadas e sua completa falta de noção e vaidade em sair depois na rua com o corpo todo riscado de hidrocor. Eu fico paradinha enquanto eles desenham no meu corpo. Normalmente eu deito para que eles fiquem mais à vontade em meio ao seu processo criativo. Não tenho culpa se ironicamente a parte mais ampla do meu corpo são as costas, o que me obriga a deitar e dormir. O lado ruim são as tattoos mais aparentes. A moça do supermercado me perguntou se eu estava bem porque havia um roxo enorme nas minhas costas, mas era só um rabo de coelho que Luiza, minha filha, desenhou e a camiseta não escondeu. Expliquei direitinho, ela riu, óbvio. O que nem me afeta. O importante são as horas de sono que aproveito.

Tenho uma amiga que fez uma tatuagem de verdade e não a preencheu exatamente para a criança ficar colorindo quando estivesse entediada. Ela, em minha opinião, acabou limitando criatividade da criança em inventar os próprios desenhos. Claramente minha preocupação é com o desenvolvimento cognitivo dos pequenos. Nem é porque minhas sessões duram mais e a dela não proporciona ao menos 15 minutos de descanso. Jamais seria por isso, imagine só…


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