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Brainrot: “Sinais de que o cérebro do meu filho estava pedindo socorro (e eu nem tinha notado)”
Outro dia, me dei conta de algo que me deixou inquieta: meu filho rolava a tela sem parar, como se estivesse preso numa corrente invisível. Um vídeo de 10 segundos levava ao próximo, depois mais outro, e outro… e quando eu chamava, era como se a voz precisasse atravessar um muro.
Foi aí que esbarrei em um termo que viralizou: brainrot, que significa algo como “cérebro derretido”. Não é diagnóstico, mas descreve exatamente aquela sensação de mente cansada e saturada depois de consumir estímulos rápidos demais. E, olha, fez todo sentido para mim.
Em entrevista ao Canguru News, o neurocirurgião Orlando Maia, do Hospital Quali Ipanema (RJ), disse que esse ritmo frenético de vídeos curtos e recompensas instantâneas condicionadas o cérebro a querer mais, mais e mais . “Com o tempo, ele passa a exigência de estímulos cada vez mais intensos para manter a sensação de prazer. A tolerância ao tédio diminuída e a capacidade de foco prolongada fica prejudicada”, explicou. Quando ouvi isso, foi como receber um alerta não só como mãe, mas como pessoa.
E o impacto vai além da atenção. A Organização Mundial da Saúde já associa a exposição excessiva a estímulos digitais a ansiedade, irritabilidade e dificuldades emocionais, justamente numa fase em que o cérebro ainda está crescendo a todo vapor.
A Sociedade Brasileira de Pediatria reforça: telas demais mexem no sono, no humor, no rendimento escolar e até na convivência dentro de casa. A Academia Americana de Pediatria indica evitar telas pelo menos uma hora antes de dormir.
Os sinais estavam ali… era só enxergar
- Cansaço ao acordar.
- Irritabilidade por qualquer coisa.
- Esquecimentos.
- Falta de interesse por tudo que não envolve tela.
- Quando percebi que tudo isso tinha virado rotina, entendi que não dava para ignorar.
Mas, e isso eu faço questão de dizer, não é sobre proibir. É sobre equilibrar. É sobre participar, observar, ajustar. É sobre estar perto.
O especialista reforça que pequenas mudanças fazem milagres: refeições sem celular, uma leitura antes de dormir, uma caminhada no fim da tarde, um jogo de tabuleiro, uma ida ao parquinho. Coisas simples, reais, possíveis.
E, no fundo, é isso que ficam falando para nós e que, às vezes, a gente esquece. Quanto mais experiências reais as crianças têm, mais forte e saudável o cérebro delas se torna.
As telas fazem parte da vida e tudo bem. O que não pode é o mundo real virar pano de fundo enquanto o digital vira protagonista.
Talvez esse texto seja só um lembrete, para mim e para você, de que ainda dá tempo de desacelerar. De puxar de volta. Ensinar que o cérebro também precisa respirar.
E que brincar, viver, conversar, existir… não pode ser substituído por rolar o dedo na tela.
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