Um aumento dos casos de escarlatina está gerando preocupação entre especialistas, autoridades de saúde e famílias em todo o país. Doença infecciosa aguda, ela está se disseminando rapidamente, principalmente entre as crianças em idade escolar, segundo mostram os boletins epidemiológicos.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo revelam que até outubro o número de pessoas contaminadas quase quadruplicou em comparação a 2022: de 13 casos no ano passado, subiu para 50 até o momento no município. Ribeirão Preto também apresenta alta nos dados, indicando que até julho deste ano foram registrados 23 casos, o mesmo número de casos identificados ao longo de todo o ano de 2022. A última alta da doença foi registrada em 2014, tanto em São Paulo como em Ribeirão Preto, onde foram registrados 80 e 121 casos, respectivamente.
Abaixo, o patologista clínico Helio Magarinos Torres Filho, diretor do Richet Medicina & Diagnóstico, explica as características dessa doença.
O que é a escarlatina e quais os seus sintomas?
“A escarlatina é uma infecção bacteriana causada por uma bactéria chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A, que se manifesta com sintomas como febre, mal-estar, dores de garganta, vômitos e uma erupção cutânea característica”, explica o especialista. “Em geral, essa erupção começa no pescoço e tronco e avança para a face e membros”, acrescenta.
Como a escarlatina pode ser transmitida?
A escarlatina é facilmente transmitida por meio de gotículas de saliva ou secreções infectadas, por isso afeta principalmente crianças em idade escolar. “As escolas são ambientes propícios para a disseminação da doença, devido ao contato próximo entre os alunos. É fundamental que pais, educadores e profissionais de saúde estejam atentos aos sintomas”, explica o patologista clínico.
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Como é feito o diagnóstico da escarlatina em crianças?
O diagnóstico clínico, associado à análise laboratorial da amostra da garganta, é geralmente suficiente para confirmar a presença da escarlatina. O exame clínico avalia os sintomas do paciente, como febre, dores de garganta, erupção cutânea típica e outros sinais associados à escarlatina. Diante dele, o médico pode solicitar um exame da garganta do paciente utilizando um cotonete (swab) para coletar uma amostra de secreção na região nasofaríngea que será enviada para análise laboratorial. “Após a cura, testes sorológicos podem ser realizados para confirmar o diagnóstico. Esses testes procuram por anticorpos no sangue que indicam a exposição anterior ao estreptococo beta hemolítico do grupo A”, descreve Helio Magarinos.
Quais os principais riscos da escarlatina?
Embora seja, em geral, uma doença leve que responde bem ao tratamento com antibióticos, especialistas advertem sobre as complicações potenciais. “Durante a fase aguda, a infecção estreptocócica pode se disseminar para outras partes do corpo, causando otite, sinusite, laringite e até mesmo meningite”, acrescenta o patologista clínico. “Além disso, complicações tardias, como febre reumática e glomerulonefrite, podem surgir semanas após o desaparecimento dos sintomas”, ressalta Magarinos, acrescentando que, por isso é o diagnóstico é importante.
Quais medidas preventivas são indicadas?
Em casos de surtos em escolas, entre as medidas preventivas, está o afastamento escolar de crianças diagnosticadas até 24 horas após o início do tratamento com antibióticos, a fim de evitar a disseminação. “Além disso, medidas simples de higiene, como lavar as mãos regularmente, também ajudam na prevenção da doença”, ressalta o patologista.