Por que reabrir as escolas: veja o que dizem os pediatras Daniel Becker e Rubens Cat

Protocolos sanitários, riscos da covid em crianças e contágio nas escolas são alguns dos temas abordados pelos pediatras que defendem a volta às aulas

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Volta às aulas presenciais: o que dizem os pediatras Daniel Becker (na foto) e Rubens Cat
Daniel Becker lembra que as crianças apresentam menos quadros graves de covid-19 do que os adultos
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Recentemente, dois renomados médicos brasileiros, Daniel Becker, pediatra do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autor do site Pediatria Integral, e Rubens Cat, chefe do departamento de pediatria do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), fizeram uma live para debater a volta às aulas presenciais. Destacamos abaixo os principais tópicos dessa conversa. Confira!

1. Protocolos sanitários 

Além da condição epidemiológica do município – uma curva decrescente do número de casos, leitos hospitalares e índice R abaixo de um (trata-se do índice de contaminação, o quanto um paciente doente pode contaminar os outros) – o pediatra Rubens Cat diz que é preciso atender os protocolos de segurança contra a doença. “A maioria das escolas privadas já tem protocolos de segurança tão seguros e restritivos quanto protocolos internacionais. A realidade das escolas públicas eu sei que não é a mesma que a da privada, mas nós temos que lutar para que as crianças de escolas públicas tenham o mesmo direito de voltar às aulas do que as crianças de colégios particulares.” Para tanto, diz o médico, “é preciso sensibilizar autoridades de órgãos como a Secretaria de Educação, Secretaria da Saúde, o próprio Poder Judiciário e o Ministério Público, para que ao invés de impedir, lutássemos todos para que as escolas públicas tivessem condições de reabrir.”

2. Infecção do coronavírus nas crianças

Outro fator que os pediatras corroboram para endossar os argumentos a favor da volta às aulas é o de que as crianças apresentam menos quadros graves de covid-19 do que os adultos. Eles citam, por exemplo, uma pesquisa realizada em um hospital infantil de Nova Iorque, que mostrou que entre as crianças infectadas, apenas aquelas com comorbidades, como obesidade, precisaram de hospitalização e ventilação mecânica. “Ouçam os seus filhos, a grande maioria deles quer voltar para a escola. O número de casos é muito pouco no mundo todo e também é muito incomum uma criança ter um quadro grave, assim como não é comum uma criança contaminar um adulto”, aconselha o médico paranaense.  

3. Contágio nas escolas

Nos países que controlaram mais rapidamente a pandemia (Nova Zelândia, Austrália, Holanda e Noruega), com reabertura mais
precoce de creches e escolas, não houve aumento do número de casos e nem maior gravidade dos mesmos, demonstrando que escolas não são amplificadoras da covid-19. Na Europa, que vive uma segunda onda de contágio da covid-19 e está adotando medidas rigorosas de restrição, a maior parte das escolas e creches continuam abertas e, segundo os governos, só serão fechadas em último caso, após bares, restaurantes e demais comércios. O Instituto Nacional de Saúde Pública da Noruega divulgou um estudo que demonstra que as infecções em estudantes naquele país ocorreram devido à convivência familiar, e não na escola. Fato semelhante aconteceu em São Paulo, em que três escolas suspenderam as aulas temporariamente, mas as suspeitas são de que as infecções se deram fora do ambiente educativo.

4. Riscos para os professores

“Diversos professores desejam voltar, mas desde que com segurança. Por isso, eu afirmo que nenhum professor tem um risco maior de contágio do que qualquer outra atividade (quem trabalha em supermercado, motorista de ônibus e guarda de trânsito), é seguro voltar às escolas com protocolos de segurança”, afirma Rubens Cat. 

“Existe a argumentação absolutamente justa dos professores da rede pública, de que as escolas não possuem estruturas para garantir uma volta segura, como janelas, sabonete e espaço aberto, e eu entendo o pavor que o professor deve sentir ao voltar a trabalhar nessas condições. Mas ainda assim, continua-se sendo um risco baixo para os profissionais, e nós, como pediatras, temos o dever de alertar sobre essa relativa segurança”, relata o pediatra Daniel Becker.  

5. Reforço imunológico para as crianças

“Não tem necessidade nenhuma de reforço de imunidade antes de ir para a escola, como foi falado sobre o uso de pré e probióticos. A maioria das crianças que pegam covid são crianças saudáveis e pegaram a doença do convívio com os adultos, contatos familiares, e não por deficiência imunológica”, explica Rubens Cat. O médico ressalta a importância de outro cuidado. “É preciso que as crianças estejam com a carteira de vacinação atualizada, para que com a volta às aulas não tenham surtos de outras doenças, como o sarampo, meningite, pneumonia, que são mais graves que a própria covid-19.”

6. Benefícios do retorno das aulas presenciais

“O retorno às aulas vai fazer com que as crianças voltem a socializar, tenham momentos de alegria, tomem sol e tenham uma alimentação mínima, e no caso das particulares, se alimentem de forma mais saudável, o que irá ajudar na defesa natural do organismo”, declara o pediatra paranaense.  

Becker também acredita na urgência do retorno às aulas. “A escola é um serviço essencial, lembrando que nenhuma criança está na escola apenas para aprender. Lá elas socializam, fazem atividades físicas, se alimentam e são protegidas de diversas questões, como abusos físicos e sexuais”, finaliza.

Acesse o e-book “Retorno seguro às escolas”, elaborado pelo pediatra Rubens Cat.

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3 COMENTÁRIOS

  1. Se os ditos pediatras tem crianças (filhos e netos) que retornem às escolas. Principalmente para depois de cada dia de aula, vá até eles e os abracem, etc e tal. Comparar o retorno às aulas no Brasil com países CIVILIZADOS, com chefes de Estados COMPETENTES como é a Nova Zelândia, Holanda, Noruega, é de uma irresponsabilidade moral e científica.

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